Usuários Brasileiros de Cripto Querem Pagar com Stablecoins
A maioria dos usuários brasileiros de cripto ainda enfrenta dificuldades para usar stablecoins em pagamentos do dia a dia, revela uma nova pesquisa da Oobit.
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No artigo de hoje, apresentamos a tradução do artigo “Brazilian Crypto Users Want to Pay with Stablecoins, Survey Shows”, de autoria de Denis Omelchenko, originalmente publicado em The Defiant.
Usuários Brasileiros de Cripto Querem Pagar com Stablecoins
Uma pesquisa compartilhada com o The Defiant mostra que, embora muitos brasileiros pareçam confiar nas stablecoins, utilizá-las na vida cotidiana ainda é um desafio.
Um relatório de julho de 2025 do aplicativo de pagamentos Oobit, que entrevistou usuários brasileiros de cripto com idades entre 23 e 45 anos, constatou que cerca de 91,8% possuem stablecoins — principalmente Tether (USDT) — e cerca de 85% afirmam querer usar cripto para compras diárias. No entanto, apenas 54,3% já pagaram com cripto alguma vez, e apenas 37% fizeram isso em lojas físicas ou online.
“O Brasil está adotando ativamente as stablecoins. O USDT domina. A alfabetização em cripto é alta. E as pessoas não estão apenas segurando os ativos — estão se envolvendo de forma avançada. Mas quando se trata de gastar? O uso desaba”, afirma o relatório da Oobit.
O CEO da Oobit, Amram Adar, disse ao The Defiant que a pesquisa foi baseada em centenas de usuários brasileiros de cripto verificados, identificados por meio de uma ferramenta de terceiros e da equipe de pesquisa interna da empresa.
Mesmo entre aqueles que gastam cripto, a pontuação de satisfação com as ferramentas de pagamento foi de 3,28 em 5. Os entrevistados apontaram altas taxas (41%) e o fato de poucos estabelecimentos aceitarem cripto (39%) como as duas principais barreiras.
Outras preocupações incluíram transações lentas (17%), aplicativos difíceis de usar (11%) e outros problemas diversos (7%).
Segundo Adar, esses problemas refletem deficiências na infraestrutura, mais do que barreiras regulatórias ou tributárias. “O verdadeiro desafio é a infraestrutura”, explicou, acrescentando que a maioria dos comerciantes “depende dos sistemas de cartões existentes e de terminais de ponto de venda. Pedir que adotem cripto diretamente significa interromper seu modo de operar, o que gera resistência.”
A incerteza jurídica só surge quando as empresas lidam diretamente com criptoativos, acrescentou Adar. “Se o pagamento for liquidado em moeda local e o comerciante nunca tiver contato com cripto, essa preocupação legal desaparece. Do ponto de vista do comerciante, é apenas mais uma transação com cartão, sem exigência extra de conformidade.”
Um Mercado Familiarizado com Cripto
Adar também afirmou que os usuários brasileiros estão entre “os participantes de cripto mais avançados do mundo”, observando que eles “possuem stablecoins, fazem negociações, staking e estão ansiosos para usar cripto na vida real.”
A pesquisa retrata o Brasil como um mercado com alto nível de familiaridade com cripto, mas que ainda espera por formas mais fluidas de gastar stablecoins no dia a dia. A Oobit observa no relatório que tendências semelhantes parecem estar surgindo em países como Turquia, Nigéria, Indonésia e Argentina. “Se as stablecoins não funcionarem no Brasil, onde há uma economia nativa digital, com alto nível de confiança e familiaridade com cripto, elas terão dificuldades em qualquer lugar até que a infraestrutura acompanhe,” acrescentou Adar.
Em um relatório de meados de junho, a empresa de análise forense em blockchain Chainalysis alertou que as stablecoins enfrentam uma série de riscos — desde falhas técnicas até golpes.
Vulnerabilidades em contratos inteligentes continuam sendo uma preocupação central, já que falhas no código podem ser exploradas para drenar fundos. Falhas em sistemas de custódia também são uma ameaça, com hackers podendo obter acesso aos ativos de reserva ou aos mecanismos de emissão, acrescentou a Chainalysis.