Prezada Nação Bankless
Semana passada explicamos como estamos construindo uma comunidade com base em valores, economias e cultura comuns, cada um optando pelo contrato social de um conjunto de protocolos digitais.
Somos uma nação digital. Somos a Nação Bankless
Nesse último artigo da série vamos entender melhor nossa nação.
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Uma Nação Bankless — Parte III 🏴
Subnações
A diferença fundamental entre Bitcoin e Ethereum é que o Bitcoin é um protocolo e o Ethereum é um protocolo de protocolos. Na Parte 1, discutimos como o Brasil escalou sua nação ao permitir sub-protocolos sob um protocolo principal. Os subprotocolos (os estados) são capazes de definir regras melhor-ajustadas para seu próprio domínio, com o objetivo de que o protocolo se ajuste para uma maior gama de ambientes. Como resultado, o protocolo agregado do Brasil é um protocolo-de-protocolos dinâmico e flexível que pode-se moldar para ajustar-se corretamente ao seu ambiente.
Cada contrato do Ethereum é sua própria sub nação do Ethereum. Por definição, um contrato possui completa soberania sobre seu próprio domínio. Outros contratos no Ethereum só podem influenciar os demais, caso permitidos para tal.
Todas as sub nações do Ethereum recebem proteção total que a blockchain do Ethereum pode proporcionar. Enquanto o Ethereum for capaz de suportar ataques, suas sub nações são garantidas a viverem para sempre.
Uma sub nação do Ethereum é também um negócio que oferece serviços a outros, projetada para gerar atividade econômica através de um meio particular. É assim que o Ethereum gera seus impostos para financiar as verbas de segurança. Todas as sub nações no Ethereum geram atividade econômica que pagam taxas de transação aos validadores da nação Ethereum.
Sub nações como Uniswap, MakerDAO, Compound possuem suas próprias taxas internas que geram segurança para seu próprio domínio. A taxa de transação de 0.3% da Uniswap incentiva a migração de liquidez para a Uniswap, tornando a DEX cada vez mais resistente a manipulações. A Taxa de Estabilidade do MakerDAO estabelece o valor de mercado do $MKR, o que incentiva os compradores de último recurso. Compound possui suas taxas de juros aos tomadores de empréstimo, parcialmente pagas aos fornecedores, e no futuro provavelmente serão pagas ao balanço patrimonial dos detentores dos tokens COMP, o qual possui mecanismos similares à Uniswap e ao MakerDAO.
Estas taxas são os impostos pagos pelos constituintes de cada sub nação. A Parte 1 deste artigo ilustrou como, ao longo do tempo, as nações passaram a cobrar mais e mais impostos de seus constituintes. No início, uma nação cobrava aquilo que necessitava para garantir uma proteção decente. Uma vez estabelecido um monopólio, e a habilidade de sair dele é extinta, impostos justos viram extorsão. Ao contrário de nações físicas, aplicativos no Ethereum nunca podem impedir que alguém ‘saia’ de sua sub nação. Se alguma nação começar a cobrar taxas a níveis abusivos, muito provavelmente o capital presente dentro desta irá se mover para outro lugar, onde os mesmos serviços podem ser encontrados a taxas menores. O Ethereum é uma nação digital de sub nações minimamente extrativistas.
Sub nações no Ethereum podem ser tanto um único contrato com uma única função, quanto um sistema conectado de múltiplos contratos, com uma rede de condições se-isso-então-aquilo que resultam em um produto holístico.
Reinos de Contrato-Único
Uma única casa de câmbio da Uniswap é um bom exemplo de ‘reino de contrato-único'. Um único mercado da Uniswap é composto de um único endereço de contrato. Todos os demais endereços Ethereum são capazes de acessar e usufruir do contrato da Uniswap, mas nenhum deles é capaz de alterar ou manipular como protocolo opera; o protocolo é fixo.
Sub nações de contrato-único são robustas devido à sua simplicidade. Possuir somente um contrato com todas as funções necessárias reduzem os possíveis vetores de ataque em ordens de magnitude. Simplesmente há menos com o que se preocupar. Exemplos reais de sub nações de contrato-único são as ‘cidades-estado’, como Singapura ou Mônaco, e igualmente, se fortalecem devido à sua autonomia do restante do mundo.
Autonomia completa do restante do ecossistema Ethereum permite a essas sub nações de contrato-único serem relativamente imunes às mudanças do restante do ecossistema, e estão realmente expostas ao tamanho do ambiente como um todo. Outros aplicativos no Ethereum aparecem e somem, mas a Uniswap com suas casas de câmbio vão permanecer indefinidamente.
Coalizões Multi-Contratos
Objetivos mais ambiciosos requerem uma maior flexibilidade do que aquela que um reino de contrato-único pode oferecer. Diferentes requisições de um sistema de camadas podem ser segregadas em diferentes contratos. Cada contrato é responsável somente por seu funcionamento, e os resultados de tal contrato são os comandos de outros dentro da sua coalizão. Isso permite a cada contrato se especializar e focar em uma tarefa específica enquanto confia nos demais contratos a fazerem o mesmo. Se os construtores desta sub nação orquestrarem corretamente estes diferentes contratos, um sistema holístico de comandos/respostas de todos os contratos cria um produto resultante de uma coalizão multi-contratos.
MakerDAO
MakerDAO é uma sub nação do Ethereum. MakerDAO é a composição de diferentes agentes interconectados, o que incentiva, comandos e resultados. O protocolo Maker é um sistema projetado para produzir um resultado utilizado (DAI), e receber nutrição para o fazer (Taxas de Estabilidade).
Compound
Compound também é uma sub nação do Ethereum. Este segue as mesmas regras básicas que venho descrevendo.
Livre Entrada, Livre Saída
Governança é provavelmente o maior problema não resolvido da humanidade. Talvez o principal motivo pelo qual nações nasceram e morreram ao longo da história seja porque ainda não compreendemos a governança no seu nível mais fundamental. Como decidimos como governar justamente o sistema que nos governa? Indo além, as repercussões de uma má governança em nações é significante, porque os constituintes de uma nação não são geralmente capazes de ‘se excluir’ destes sistemas. Quando religiões estavam em seu ápice, ‘se excluir’ era uma escolha entre opressão e morte. Estados-nação agora cobrem o planeta, e não há lugar para ir uma vez que você revoga sua cidadania. Revogar cidadanias não tende a ser uma atitude vantajosa. Você está preso. Antigas nações são monopólios capazes também de ditar como você vive.
Nações digitais são sistemas exclusivos de ‘auto-inclusão’. Quando você nasce, você é reivindicado como cidadão da nação em que nasce, mas você não é um cidadão do Ethereum ou Bitcoin. Esta é uma escolha que você toma quando quiser.
Esta diferença não pode ser menosprezada. Por serem sistemas de 'auto-inclusão', nações digitais devem competir pela sua cidadania. Elas devem oferecer bons motivos para se unir a seus domínios. Para atrair constituintes e capital, as nações digitais devem entregar produtos reais e serviços valiosos para atrair participação.
Nações digitais nascem no crisol. Eles começam com nada, e crescem em usuários e valor somente através da promoção de valor real para o mundo.
Nações legado nunca tiveram a experiência de um alto grau de competição no livre mercado. O controle monopolístico sobre seus constituintes e o capital destes garantiu às nações legado imunidade das pressões do livre mercado. Mesmo aqueles com recursos e conexões disponíveis para esconder seus ativos no exterior (como mostrado no Panama Papers) não possuem a capacidade de tirar proveito de suas riquezas; somente para guardá-las no exterior.
Bitcoin e Ethereum permitem ao povo dos estados-nação migrar seu capital para o domínio digital, onde este pode ser livre e altamente fluido. Como resultado dessa possibilidade de saída, estados-nação serão forçados a reduzir a extorsão sobre seus constituintes ou arriscar um incentivo de êxodo de capital.
O mesmo é verdade para as sub nações do Ethereum. Eu espero que o capital no Ethereum seja fluido através de suas sub nações até o fim dos tempos. Sub nações do Ethereum então em competição direta para atrair capital e usuários. Se alguém construir uma nova sub nação no Ethereum que oferece os mesmos ou melhores produtos/serviços por custos iguais ou menores, então podemos esperar uma migração de usuários e capital para esta nova sub nação. Se uma aplicação cobra muito por seus serviços, esta corre o risco de ser forked com taxas reduzidas ou ser substituída por um competidor oferecendo um serviço similar. MakerDAO, Compound e Aave oferecem serviços suficientemente similares para que as taxas que cobram possam ‘supervisionar’ seus concorrentes.
O Indivíduo Soberano
Como discutido na Parte I, as Nações oferecem suporte ao indivíduo, para que este possa viver sua vida com o máximo de liberdade de autonomia. Nações que restringem liberdade e autonomia do indivíduo (Religiões, URSS, China) tendem a ser substituídas por aquelas que não o fazem. Isso ocorre, pois não há melhor maneira de se organizar uma economia do que deixar o povo por conta própria para que o povo possa decidir como melhor prover valor ao mundo, ao tirar proveito da combinação de suas habilidades e, de o que eles gostam de fazer.
A natureza de 'auto-inclusão' das nações digitais, junto à competição do livre mercado dos aplicativos presentes nestas, preserva a soberania do indivíduo ao lhe proporcionar a máxima autonomia e liberdade. Nas nações digitais, todos os usuários são Administradores.
Em um mundo dominado pelas nações digitais sobre os estados-nação, a localização física de capital e valor não importa. Dinheiro e ativos vivem unicamente na internet. Cada sub nação do Ethereum está a uma transação de distância e vive em um pequeno dispositivo no seu bolso. O poder que isto dá ao indivíduo não pode ser subestimado. Você possui toda a força da nação digital do Ethereum na ponta dos dedos, não importa qual estado você faça parte, ou adentre.
O propósito de uma nação é de nutrir uma economia. A economia das nações digitais está contida na internet, mas irá também se manifestar no mundo real. Quando um cliente paga pelos serviços ou produtos de um negócio utilizando BTC, ETH ou DAI, uma transação foi realizada onde nenhum estado-nação foi relevante. O mesmo negócio, serviço ou produto poderia servir ao mesmo indivíduo em qualquer lugar do mundo, e a transação seria a mesma.
Este é o caminho para uma comunidade única e global de humanos. A protocolização do dinheiro e finanças através das nações digitais são as ferramentas necessárias para quebrar os limites da escala organizacional que atingimos através dos estados-nação tradicionais. A economia mundial irá se tornar uma economia única e global quando esta operar sob um único sistema monetário e financeiro, que trata todos os usuários igualmente.
Estados-nação, negócios, e indivíduos são todos tratados igualmente sob a extensão da nação digital. Por ninguém receber privilégios que outros não tenham, nós podemos quebrar o teto de vidro da coordenação global e gerar uma economia holística do planeta Terra.
Geoficção
Geoficção é um passatempo ou hobby que consiste na criação e mapeamento de lugares imaginários, como países, cidades, bairros, ruas, prédios ou até mesmo planetas e galáxias. Adeptos da geoficção comumente imaginam o lugar que criam num alto nível de detalhamento, com cada minúcia e particularidade que desejam. Em geral, escrevem descrições que contêm os nomes dos lugares, características geográficas, culturais, sociais, políticas, econômicas, históricas e diversos outros aspectos.
Geoficção é a arte de um universo fictício, realista e coerente o suficiente para capturar a atenção da audiência. Usando uma definição mais expansiva, geoficção reflete o estado atual do Ethereum.
Ethereum é o Novo Mundo. É um panorama de novas oportunidades, esperando por colonizadores virem e se estabelecerem sobre ele. Riquezas esperam aqueles que ousem entrar em território desconhecido e estabelecer algo significativo ali. Aqueles que se aventuram no desconhecido e cultivam a terra em que se estabelecem, são recompensados pelos futuros usuários dessa terra.
Diferente de um mundo fabricado nos contos de fantasia e filmes de ficção científica, o Ethereum ainda obedece às leis do universo. Ele deve gerar um ambiente coerente onde problemas do mundo real são solucionados, e o estado atual do mundo exterior, assim como o resto do Ethereum, impacta na decisão de o que deve e o que não deve ser construído. Enquanto o Ethereum ainda é uma folha em branco, ele também obedece às leis Darwinianas: somente os mais aptos sobrevivem.
“Entusiastas de criptomoedas continuam re-aprendendo as lições que as finanças tradicionais aprenderam décadas atrás, e pode-se ver também muito da história financeira se repetindo, mais rápido, ao se observar criptomoedas. … a história das criptomoedas pode [também] ser o oposto, que seria revisitar progressivamente o passado para esquecer as lições das finanças modernas” - Matt Levine
Ethereum é uma folha em branco. E está sendo populado rapidamente com todos os tipos de experimentos financeiros e econômicos. Com o Ethereum, nós temos a oportunidade de ‘um novo começo’ e construir um novo paradigma financeiro do zero. Nós temos o privilégio de aproveitar algumas lições da história que funcionou e ignorar as que não funcionaram. É bem provável que todos os mecanismos financeiros de sucesso já descobertos sejam replicados como aplicações no Ethereum. Igualmente, o fracassado fenômeno da hiperinflação que causou a crise de 2008 e a impressão de dinheiro desenfreada em 2020 provavelmente não irão prosperar no Ethereum. Essas ideias não serão dadas como ‘adequadas’ quando lançadas no crisol do livre mercado que é o Ethereum.
Os 'Reinos-de-Contrato-Único' e 'Coalizões-Multi-Contratos' do Ethereum são o que definem a Nação Ethereum. No artigo ‘Ethereum is an Emergent Structure (Inglês), é discutido como os aplicativos DeFi no Ethereum se aderem ao longo do tempo a uma estrutura financeira única, e como essa estrutura é o ‘Ethereum’.
O Ethereum será construído pelos pioneiros e peregrinos que se movem em direção ao Novo Mundo, se estabelecem em novas terras, as cultivam, e incentivam outros a se juntarem a eles nos frutos do seu trabalho, ao se expor aos riscos das terras que eles cultivaram. É assim que o Ethereum será construído.
Carregue a Bandeira ⚑
Todas as nações possuem sua própria cultura. Eles criam totens simbólicos para simbolizar sua participação em algo maior que eles mesmos. Em seu livro ‘Denial of Death’, Ernest Becker define cultura, religião, nações, ou qualquer ‘grupo’ como times esportivos, fraternidades, clubes sociais, sociedades secretas como ‘projetos de imortalidade’. Indivíduos são cientes da sua mortalidade e eventual morte, e assim mitigam esse medo da morte ao se tornarem uma parte de um sistema maior que eles mesmos.
Os membros constituintes desses sistemas vêm e vão, mas a entidade em si, permanece. Times esportivos substituem jogadores velhos por talentos jovens, mas o time continua a competir. Líderes de estados na nação vêm e vão, mas a nação em si, persiste. Fraternidades recebem conjuntos inteiros de novos membros a cada 4 anos, ainda assim os rituais e estórias seguem adiante. As células que compõem o corpo humano se renovam a cada 7 anos, ainda assim, o corpo, a mente e o espírito do indivíduo se mantêm vivos.
Nações são imortais, contanto que seus constituintes acreditem no seu poder e legitimidade. Nações digitais ainda estão em sua infância, e muito de sua cultura e símbolos estão surgindo somente agora. Bitcoiners usam o raio '⚡️' para ilustrar a lightning network, Ethereans usam o nome ‘.eth’ para significar sua cidadania. Totens são um componente crucial para a cultura de uma nação; eles são símbolos de um significado que os membros de uma nação podem se reunir e sustentar. Eles geram o simbolismo que todos nós podemos compartilhar como uma comunidade.
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Usamos a bandeira preta ⚑ como um símbolo da nação Bankless. Uma bandeira sem marcas representa a neutralidade deste sistema. Uma bandeira sem marcas e sem cores reflete a ausência de subjetividade da nação Bankless. As cores, listras e formas da bandeira de um estado-nação refletem suas ‘boas atitudes’ subjetivas, e uma bandeira preta é a rejeição destas atitudes de governança. Eu não aceito ser governado pelas vontades de outros e eu escolho, na verdade, participar de um sistema que tem sido cultivado pelo livre mercado. A bandeira preta é uma declaração de independência das nações que vieram antes, ainda assim é uma nação. Foda demais.
Se você é parte da Nação Bankless, Carregue a Bandeira.
Somos apenas um dos “nós” da Nação Bankless, sediados no Brasil para divulgar para falantes da língua portuguesa a missão Bankless de um mudo com mais autonomia financeira, menos dependência dos bancos centrais e comerciais. Esse é um movimento que começou com Ryan e David nos Estados Unidos, mas está rapidamente conquistando o mundo.
A nação Bankless tem um “nó” bankless na França, Rússia, Índia, Suécia, África, Espanha, Alemanha. O objetivo é ter 1 bilhão de pessoas Bankless.
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Mão na Massa
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Post Original: A Bankless Nation - Part II
Algumas informações podem ter sido retiradas do texto original por conter conteúdo ultrapassado.
Alguns termos podem ter sido alterados para fazer mais sentido no contexto da língua portuguesa e/ou facilitar o entendimento.
Atenção: Este artigo é uma tradução direta da BanklessDAO feita pela BanklessDAO Brasil, as informações numéricas contidas aqui não irão refletir a realidade atual sobre o assunto em questão, devido a data de postagem do artigo ser antiga ( 4 de Outubro de 2019). No entanto, as informações contidas aqui, ainda são capazes de agregar bom conhecimento.
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