Uma introdução à Sociedade Descentralizada | DAO Talks
Tudo que você precisa saber sobre Sociedades Descentralizas e porque esse termo vem tomando espaço nessas semanas de pessimismo no mercado. DeSoc explicada!
Prezada Nação Bankless,
São semanas de queda para os mercados de criptomoedas e NFTs. Entretanto, vale ressaltar que a palavra aqui é, justamente: mercados. Em contraste com todo esse pessimismo no bear market, o conhecimento e a base de pesquisa do nosso ecossistema aparentemente deu uma guinada muito significativa.
Na semana anterior, o criador da Ethereum, Vitalik Buterin, reuniu-se com o economista Glen Weyl e o pesquisador de Flashbots Puja Ohlhaver para publicar o “Decentralized Society: Finding Web3’s Soul” (Sociedade Descentralizada: Encontrando a Alma da Web3).
Notavelmente, o cerne da pesquisa são as novas possibilidades humanísticas em torno dos NFTs não transferíveis “soulbound”, os quais Vitalik Buterin vem estudando neste ano.
Depois de ler esse novo artigo, lembrei-me de como me senti quando conheci a Ethereum, ou seja, muito esperançoso por um futuro melhor e confiante de que temos as mentes e os meios para realmente alcançá-lo.
Talvez você não tenha tempo para percorrer as mais de 30 páginas sozinho, ou talvez esteja um pouco confuso com alguns dos conceitos apresentados. Não tem problema! Abaixo vamos resumir e citar as principais ideias dos autores para você conhecer o básico da Sociedade Descentralizada (DeSoc) rapidamente.
- William M. Peaster
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Uma introdução à Sociedade Descentralizada
Autor: William M. Peaster
Tradução, revisão e formatação: Guilda de Escrita da Bankless BR DAO (Gabriella Mena Ogusuku, BetterCallVictor e Danko8383).
É uma honra ter colaborado com @glenweyl e @vitalikbuterin no que esperamos se tornar um novo campo de pesquisa, investigação e co-criação ao lado de toda a nossa pilha tecnológica.
As ideias principais
Atualmente, a web3 gira em torno de ativos financeiros e transferíveis.
No entanto, muitos atos econômicos tradicionais (por exemplo, “empréstimos sem garantia e construção de marcas pessoais”) dependem de relações sociais não transferíveis, que são construídas com base em confiança e que persistem ao longo do tempo.
Os autores propõem os tokens não transferíveis soulbound (SBTs), a serem mantidos por “Souls” (“Almas”), ou seja, contas, como um caminho para uma melhor codificação de redes de relacionamentos sociais na web3.
SBTs codificariam esses relacionamentos, rastreando os “compromissos, credenciais e afiliações” das Souls on-chain.
A Sociedade Descentralizada (DeSoc) se apoiaria nos SBTs para permitir que “Souls e comunidades se reúnam de baixo para cima, como propriedades emergentes umas das outras para co-criar bens e inteligências de uma rede plural, em uma variedade de escalas”.
Se alcançada, a DeSoc poderia adicionalmente abrir caminho para novos direitos de propriedade e mecanismos de governança que recompensariam a confiança e a cooperação ao mesmo tempo que protegeriam as redes de possíveis capturas, extrações e dominações.
Ao todo, DeSoc foge do atual estado super financeirizado da web3 e aponta em direção a um "futuro mais transformador e pluralista de retornos crescentes através do distanciamento social”.
Souls e Soulbound tokens (SBTs)
Uma “Soul” seria uma conta, uma wallet etc.
"Souls" poderiam possuir SBTs, tokens que seriam não transferíveis, potencialmente revogáveis e inicialmente públicos; mais tarde, o uso privado de SBTs se tornaria mais viável.
SBTs podem rastrear tanto afiliações, inscrições e credenciais, quanto credenciais educacionais, histórico de emprego ou conjuntos de escritos ou obras de arte.
SBTs podem ser emitidos por uma "Soul", mas o mais importante é que também poderiam ser validados por outras "Souls" que seriam espécies de contrapartes desses relacionamentos.
Possíveis casos de uso de DeSoc
Artistas
Os artistas podem usar sua "Soul" para publicar NFTs. Ao fazer isso, eles podem “apostar suas reputações em seus trabalhos” de maneira direta e on-chain. Os artistas também podem criar seus próprios SBTs para fins diversos, como vincular seus NFTs a uma coleção on-chain para aprofundar sua origem. Assim, os SBTs e as redes sociais que eles mapeiam podem ajudar na defesa contra o plágio, deep fakes e muito mais daqui para a frente.
Empréstimos sem garantia
Facilitar empréstimos sem uma garantia inicial ainda é um problema no setor de DeFi na web3. Diante disso, os SBTs poderiam ser usados para criar uma alternativa de "baixo-para-cima, resistente à censura, para sistemas de crédito comerciais e ‘sociais’ de "cima-para-baixo”.
A grande ideia aqui? Os SBTs poderiam mostrar novos caminhos para permitir que as pessoas apostassem suas reputações como garantia de um empréstimo, em vez de ter que garantir dinheiro antecipadamente.
“Empréstimos e linhas de crédito podem ser representados como SBTs não transferíveis, mas revogáveis, então eles ficariam aninhados entre os outros SBTs de uma Soul”, escreveram os autores do artigo. “[Isso] até que sejam pagos e posteriormente queimados, ou melhor ainda, substituídos por uma prova de pagamento.”
Recuperação da comunidade
Na web3, você não quer perder o acesso à sua carteira porque, no contexto da Sociedade Descentralizada (DeSoc), você perderia o acesso à sua Soul.
Carteiras de recuperação social como a Argent, que permitem que você se apoie em relacionamentos confiáveis (ou seja, guardiões), são a melhor aposta que temos atualmente para preservar nossas contas Ethereum a longo prazo. No entanto, com o tempo, pode ser tedioso manter um grupo unido de "guardiões" ativos, então uma alternativa melhor pode vir através da “recuperação comunitária” via SBTs.
Mas, por que? Como os SBTs rastreiam de quais comunidades você faz parte, caso você precise recuperar sua Soul, eles podem ser usados para “aproveitar um conjunto máximo possível de relacionamentos em tempo real para fins de segurança” ao invés de usar apenas alguns "guardiões". Alguns mecanismos de implementação ainda precisam ser trabalhados, mas o conceito certamente é plausível.
Souldrops
Até agora, os airdrops têm sido um meio impreciso ou ineficiente de cultivar novas comunidades da web3. Em contraste, os SBTs podem permitir que “comunidades sejam reunidas em interseções únicas de Souls”.
“Souldrops são airdrops baseados em cálculos sobre SBTs e outros tokens com uma Soul”, observaram os autores. “Por exemplo, uma DAO que desejasse convocar uma comunidade dentro de um protocolo de camada 1 específico, poderia fazer um souldrop para os desenvolvedores que detivessem 3 dos últimos 5 SBTs de participação em conferências ou outros tokens que refletem participação, como os POAPs.”
Defesa das DAOs
As DAOs, que se concentram na governança da comunidade, enfrentam uma constante ameaça de ataques sybil (por exemplo, ,quando usuários possuem várias carteiras para multiplicar seu poder de voto). Os SBTs ofereceriam uma maneira para as DAOs se defenderem contra esses tipos de ataques, porque facilitariam a separação entre “Souls únicas e prováveis bots”, a fim de negar “qualquer poder de voto a uma Soul que pareça ser um Sybil”.
Propriedade flexível
Hoje, na maioria dos casos, um NFT confere ao seu proprietário o direito de usar, destruir ou lucrar com o ativo de uma só vez. Mas fora dos NFTs, é incomum encontrar todos esses direitos de propriedade concedidos a um único proprietário. Por exemplo, você pode ter a posse e usar um apartamento alugado, mas não pode destruí-lo. Com os SBTs, então, você pode não apenas imitar as abordagens de propriedade convencionais, mas também criar novas abordagens para a web3. Por exemplo, os autores mencionaram a possibilidade de um experimento de moeda local em que os SBTs poderiam criar uma moeda mais valiosa tanto para ser guardada, quanto para ser gasta por Souls que vivessem em uma determinada região ou fizessem parte de uma determinada comunidade.
Porque DeSoc importa
“A Web3 pretende transformar as sociedades de forma ampla, em vez de apenas sistemas financeiros. No entanto, as instituições sociais atuais — as famílias, igrejas, equipes, empresas, sociedade civil, celebridades e democracia — ainda não possuem sentido nos mundos virtuais (muitas vezes chamados de “metaverso”) sem diretrizes representando almas humanas e as demais relações que elas suportam. Se a web3 evita identidades persistentes, seus padrões de confiança e cooperação e seus direitos e permissões combináveis, nós vemos, respectivamente, ataques sybil, conluio e um domínio econômico limitado de propriedade privada totalmente transferível — todos com tendências à hiperfinancialização.
Para contornar a hiperfinancialização - mas ainda assim desbloquear o crescimento exponencial — propomos aumentar e unir nossa sociabilidade através das realidades virtuais e físicas, capacitando as Souls e comunidades para codificar relações sociais e econômicas mais ricas. Mas simplesmente construir com base na confiança e na cooperação não é suficiente. A correção de preconceitos e tendências de super coordenação (ou conluio) entre redes de confiança é essencial para encorajar relacionamentos mais intrincados e diversos, que abranjam distâncias sociais maiores do que antes. Chamamos isso de ‘Sociedade Descentralizada (DeSoc)’: uma sociabilidade co-determinada, onde Souls e Comunidades se reúnem de baixo para cima, como propriedades emergentes umas das outras, para produzir bens de redes plurais em diferentes escalas.
Enfatizamos os bens de redes plurais como uma característica da Sociedade Descentralizada (DeSoc), porque as redes são o motor mais poderoso do crescimento econômico, mas também as mais suscetíveis à captura distópica por atores privados (por exemplo, da web2) e governos poderosos (por exemplo, o Partido Comunista Chinês). O crescimento econômico mais significativo resulta do aumento dos retornos de rede, em que cada unidade adicional de entrada gera um resultado incrementalmente maior. [...] Redes com retornos crescentes são mais eficientes quando tratadas não como bens puramente públicos nem puramente privados, mas sim como bens compartilhados parciais e plurais. A Sociedade Descentralizada (DeSoc) fornece o substrato social para desagregar e reconfigurar direitos [...] e permitir mecanismos de governança eficientes entre esses direitos, que aumentam a confiança e a cooperação enquanto verificam se há conluio e captura.”
(Minha) Conclusão
Por ora, a Sociedade Descentralizada (DeSoc) permanece sendo um campo de estudo em vez de algo que podemos explorar de fato.
No entanto, com a Ethereum e os NFTs, nós já temos uma infraestrutura básica necessária para a DeSoc, e vale lembrar que essas tecnologias também continuarão avançando com o tempo. Além disso, através desse artigo “Sociedade Descentralizada”, já temos as diretrizes básicas, sem mencionar que muitos outros projetos estão começando a explorar os NFTs soulbound.
Ethereum é um ponto de partida para os esperançosos.
Um substrato imutável, programável e global para finanças e coordenação.
Um lugar em que ao mesmo tempo podemos nos reunir e usá-lo para criar um mundo cyberpunk E um mundo solarpunk.
Eu acho que os críticos e os proponentes muitas vezes ficam presos ao que a web3 é hoje. Por mais que isso seja justo e passível de discussão e trabalhos, eu e muitos outros sonhadores não podemos deixar de ficar obcecados e de imaginar o que ainda está por vir.
Ainda há um longo caminho a percorrer antes que a Sociedade Descentralizada (DeSoc) realmente chegue, mas agora, depois deste artigo, parece mais claro do que nunca que o futuro dos NFTs será mais expansivo e mais social do que muitos de nós jamais poderíamos ter imaginado.
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Bio do Autor
William M. Peaster é um escritor profissional e criador do Metaversal – um boletim informativo da Bankless focado no surgimento de NFTs na criptoeconomia. Recentemente, ele também contribuiu com conteúdo para o Bankless, JPG e outros!
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Post Original: Decentralized Society (DeSoc) explained
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