Tokenização em 2025: Navegando na Nova Fronteira dos Ativos do Mundo Real
Quando nomes como BlackRock, JP Morgan, Franklin Templeton e Janus Henderson investem em um mesmo setor, é sinal de que há uma oportunidade imensa.
Prezada Nação Bankless,
No artigo de hoje, apresentamos a tradução do artigo Tokenization in 2025: Navigating the New Frontier of Real- World Assets, de autoria de Eli Cohen, originalmente publicado em The Defiant.
Tokenização em 2025: Navegando na Nova Fronteira dos Ativos do Mundo Real
Quando nomes como BlackRock, JP Morgan, Franklin Templeton e Janus Henderson investem em um mesmo setor, é sinal de que há uma oportunidade imensa.
Quando nomes como BlackRock, JP Morgan, Franklin Templeton e Janus Henderson investem em um mesmo setor, é sinal de que há uma oportunidade imensa.
Isso é exatamente o que está acontecendo com os Ativos do Mundo Real (RWAs, na sigla em inglês). No último ano, líderes do mercado financeiro tradicional (TradFi) fizeram apostas significativas na tokenização como uma força transformadora no cenário financeiro. A BlackRock fez uma parceria com a Securitize para tokenizar ativos e liderou uma captação de US$ 47 milhões para a startup; a Franklin Templeton lançou um fundo do mercado monetário na Base; e a Janus Henderson decidiu gerenciar um Fundo de Tesouraria Líquida da Anemoy.
O setor está crescendo rapidamente: um relatório da Chainlink apontou que o valor atual dos ativos tokenizados já ultrapassa US$ 118 bilhões e pode chegar a US$ 10 trilhões até 2030.
Mas esse crescimento não ocorre isoladamente. Ele depende de regulamentações claras e infraestrutura robusta. Esse avanço acontece em um momento crucial, marcado por mudanças políticas e regulatórias. As eleições nos EUA em 2024 garantiram um Congresso e uma Casa Branca mais favoráveis a cripto. Enquanto isso, a regulamentação europeia MiCA (Markets in Crypto-Assets Regulation) redefinirá as regras para stablecoins, com aplicação a partir de 1º de janeiro de 2025.
Vamos analisar mais de perto como esse crescimento, o apoio regulatório e o novo cenário político podem impactar aqueles que estão tentando navegar pelo mundo dos RWAs no ano a frente.
Cenário Regulatório 2025: Um Novo Paradigma Global
A regulamentação cripto está evoluindo. O que antes era apenas um exercício de conformidade está se tornando um arcabouço sofisticado, robusto o suficiente para estimular o crescimento do mercado. A regulamentação MiCA é um exemplo claro dessa transformação.
Antes do MiCA, a Europa enfrentava um cenário regulatório fragmentado. Agora, há um modelo unificado e abrangente que busca equilibrar inovação e proteção ao investidor. O MiCA estabelece um perímetro regulatório claro para criptoativos, exigências de licenciamento em todos os países da UE, padrões de conformidade e transparência. Ele foi projetado para ser tecnologicamente neutro e adaptável.
Então, o que isso significa na prática para os RWAs especificamente? O MiCA terá um grande impacto nas stablecoins. Espero que, se essas regulamentações forem aplicadas, veremos um mercado bifurcado. De um lado estarão as stablecoins reguladas pela UE e, do outro, aquelas que permanecem sem licença. Stablecoins totalmente reguladas serão um passo significativo para atrair capital TradFi para a tokenização de RWAs.
A questão em torno da aplicação é crítica: dado que existem muitas jurisdições e muitos reguladores, se a UE não aplicar o MiCA de maneira eficaz e uniforme, essa bifurcação será muito menos acentuada, com a maior parte do mercado de stablecoins permanecendo não regulado.
Assim como vimos nos mercados de cripto em MENA e APAC, as abordagens regulatórias estão se tornando cada vez mais sofisticadas. A implementação total do MiCA representa mais do que uma lista de verificação de conformidade — é uma transformação de mercado.
Reguladores além da UE provavelmente observarão de perto o impacto do MiCA e farão ajustes conforme necessário. Aqueles que facilitarem o crescimento em suas regiões buscarão fazê-lo oferecendo flexibilidade, sem comprometer a integridade fundamental do mercado.
Adoção Institucional: Uma Via de Mão Dupla
Mas o futuro do sistema financeiro não depende apenas dos reguladores. Ele também recai sobre os players de DeFi e TradFi para incorporar estratégias de gestão de risco que acompanhem o cenário tecnológico em mudança.
Há uma tendência interessante que tenho observado: ficou muito mais fácil convencer players TradFi, como BlackRock e Janus Henderson, de que devem investir em DeFi e capitalizar essas oportunidades de crescimento.
Mas há menos conversas em torno de fazer os players de DeFi adotarem produtos e práticas TradFi que possam beneficiá-los, especialmente ferramentas de gestão de risco. Precisamos que os maiores players de DeFi — mesmo aqueles com os processos mais sofisticados no setor — adotem práticas TradFi. Até os mais avançados no DeFi ainda estão longe das práticas de gestão de risco implementadas por um banco regional ou empresa financeira.
Para quebrar barreiras de adoção de ambos os lados, os players de DeFi devem continuar mostrando como a blockchain pode tornar os processos TradFi mais seguros e eficientes, abrindo novas oportunidades de mercado.
Mas também precisamos que os players de DeFi comecem a adotar práticas de gestão de risco TradFi. Se realmente vamos reescrever o futuro financeiro, isso será graças à adaptação e colaboração de ambos os lados.
Perspectiva Futura: O que Isso Significa para os EUA?
As tendências projetadas para RWAs tokenizados sugerem um crescimento exponencial, mas o caminho está longe de ser linear. A interseção entre inovação tecnológica e arcabouços regulatórios será crítica.
Nos EUA, os resultados das eleições presidenciais e congressionais mais recentes impactarão os mercados de DeFi no futuro próximo. Mas, mesmo com um presidente e congresso pró-cripto, não devemos esperar mudanças da noite para o dia.
Isso porque muitos tokens cripto estão presos em um limbo regulatório. Bancos e corretores nos EUA não podem legalmente custodiar esses ativos sob o sistema atual. Isso significa que tokens não podem ser usados como garantia ou para serviços de margem. Para resolver isso, a SEC precisa criar novas orientações interpretativas e aprovar novas regras. Esse é um processo que exige contribuições do mercado e pode ser dolorosamente lento. Não espero que essas questões sejam totalmente resolvidas até 2026.
Recentemente, o Presidente eleito Trump disse que indicará Paul Atkins como presidente da SEC. Dadas suas posturas anteriores, espera-se que os processos atuais, especificamente aqueles envolvendo o teste de Howey, sejam resolvidos ou retirados. Isso ajudaria a dissipar as ações de fiscalização e permitir estratégias de negócios mais previsíveis e de longo prazo. Espera-se também uma mudança na abordagem da SEC, com orientações mais claras ou criação de regras para diferenciar tokens que são valores mobiliários dos que não são, conforme proposto anteriormente pela Comissária Peirce.
Dada a perspectiva política dos EUA em evolução em relação ao cripto, há grande potencial para o país se tornar um líder, junto à UE, na criação de um novo caminho para RWAs.
Conclusão: Um Chamado à Ação
O futuro dos ativos tokenizados não se trata apenas de tecnologia complexa — trata-se de fazer as finanças funcionarem melhor para todos. Estamos vendo grandes players financeiros e empresas de tecnologia inovadoras se unirem para criar algo novo: um sistema financeiro mais transparente, eficiente e acessível. Embora o caminho à frente não seja simples, com obstáculos regulatórios e desafios tecnológicos, o potencial é animador. Se conseguirmos continuar conectando a TradFi a blockchain, podemos criar uma forma mais inteligente de gerenciar e investir em ativos do mundo real que beneficie tanto investidores comuns quanto grandes instituições.
Eli Cohen é um advogado corporativo com mais de 25 anos de experiência em transações comerciais, serviços financeiros e questões regulatórias, tendo atuado na Ásia, Europa e Estados Unidos. Atualmente, ele é o General Counsel da Centrifuge, uma plataforma de tokenização e securitização de ativos do mundo real (RWA), além de Chief Compliance Officer da Anemoy Capital SPC Limited, uma empresa de fundos das Ilhas Virgens Britânicas, emissora do tokenizado Anemoy Liquid Treasury Fund 1. Eli é formado pela Georgetown University Law Center, possui um mestrado em Relações Internacionais pela Universidade da Pensilvânia e um Bacharelado em Artes pela Universidade de Michigan, em Ann Arbor.