Report: Retrospectiva de 2022 - O Ano do Crash, do Bearmarket e do Fortalecimento da Rede
Prezada Nação Bankless,
Chegamos ao final do ano de 2022. Ano peculiar que se caracterizou por quedas, grandes golpes e pedidos de falência de grandes empresas no meio cripto. No relatório de hoje, vamos explorar sinteticamente parte dos colapsos de protocolos/empresas cripto e como foi a progressão da rede do Bitcoin durante todo esse período caótico.
Lucas Nakata, membro Bankless BR DAO e Trader com quase 5 anos de experiência em diferentes mercados como Criptomoedas, Forex e Tradicional escreveu esse artigo com bases sólidas, demonstrando prós e contras de projetos cripto, uma vez que saber olhar os fundamentos dos criptoativos evita qualquer tentativa scam, patrocíonio de shitcoins e viéses sobre criptomoedas.
Neste artigo serão apresentados alguns indicadores interessantes para leitura de ecossistemas criptos, como enxergar o fluxo de valores dentro de blockchains públicas e também como considerar o cenário externo em suas análises.
Bitcoin (BTC): Preço e Movimentação
O mês de novembro parecia continuar a eterna consolidação em que estávamos no mercado de criptomoedas, porém, no dia 08 de novembro, tivemos o movimento de falência da terceira maior corretora do mundo, a FTX. Impulsionado pelo pânico do mercado e a incerteza do ecossistema como um todo, o preço do Bitcoin caiu mais de 26%, chegando ao menor preço negociado de $15500.
Ademais, a recente movimentação do Bitcoin fez com que o ativo entrasse ainda mais em território sobrevendido no gráfico semanal.
*Zonas sobrevendidas são zonas que um ativo passou por um movimento de desvalorização intenso apresentando possíveis áreas para oportunidades de compra*
Aumento do Hashrate / Dificuldade de Mineração
O cenário atual do mercado global é conturbado e cheio de turbulências que desafiam o mercado de criptoativos, com isso, o preço do bitcoin perdeu suportes importantes. Contudo, o hashrate do Bitcoin bateu sua máxima novamente, demonstrando que os fundamentos do Bitcoin ignoram o comportamento do mercado. O hashrate atual está em 267 EH/s, sendo sua média também batendo máximas com 244 EH/s.
(https://mempool.space/pt/)
*Hashrate é a capacidade/velocidade dos mineradores que estão na rede Bitcoin têm de processamento.
O hashrate do Bitcoin é ajustado a cada 2016 blocos minerados (em média a cada duas semanas). Esse ajuste é necessário, tendo em vista que a capacidade computacional dos mineradores é variável. Portanto, se a força computacional aumenta, a dificuldade de mineração também deve aumentar, assim como o contrário é verdadeiro, para que se mantenha a média de 10 minutos de mineração para cada bloco.
O último ajuste (ocorrido ontem - 5/12/2022) teve uma taxa de queda da dificuldade em 7,32%, tendo em vista a queda anterior do Hashrate nas últimas semanas. Considerando que o ajuste é recente, a estimativa do próximo ainda não foi calculada, mas pode ser acompanhada pelo Mempool.
Crescimento da Lightning Network
Diferentemente do Bitcoin que não tem seu(s) criador(es) conhecido(s), a rede de segunda camada Lightning Network (LN) teve seu White Paper publicado em 14 de janeiro de 2016 por Joseph Poon e Thaddeus Dryja.
A LN é uma rede na qual pagamentos com bitcoin são realizados de maneira ultra rápida e com taxas super baratas, utilizando-se de canais de pagamentos formados pelos nós disponíveis na rede. Considerando essas facilidades de segunda camada, essa rede recebeu diversas melhorias ao longo de seu desenvolvimento e muito incentivo ao uso.
Nos últimos 4 anos de adoção e suporte por meio de nós a rede tem crescido exponencialmente, embora o preço do bitcoin tenha passado por oscilações bruscas. Atualmente, a LN conta com cerca de 17 mil nós disponíveis formando canais de pagamento.
(https://bitcoinvisuals.com/ln-nodes)
Corroborando com os dados acima, nota-se que a quantidade de bitcoins disponíveis para transação dada a capacidade da Lightning Network (LN) só aumenta, embora o preço do bitcoin tenha sofrido quedas nos últimos meses. No momento da elaboração desse relatório, a capacidade está em torno de 5 mil bitcoins.
*Quando um nó abre um canal com outro nó, ele precisa “travar” bitcoins, e essas moedas são as que compõem a capacidade da rede.
(https://bitcoinvisuals.com/ln-nodes)
Ano dos Crashs e dos Colapsos
Em uma breve síntese, o ano de 2022 foi de sustos, abalos, pânico e aprendizados. Protocolos colapsaram, exchanges quebraram e clientes entraram em desespero.
O protocolo Luna colapsou no mês de maio, após a stablecoin algorítmica - UST - perder seu peg e consequentemente a altcoin Luna sofrer grande inflação devido aos resgates de UST. O colapso foi tão radical que em 36 horas o protocolo foi encerrado/retirado de funcionamento, arrastando cerca de $40 bilhões de dólares de investidores que viram seus recursos derreterem.
O colapso Luna iniciou uma sequência de quebras em exchanges/fundos de investimentos, os quais inclusive sofreram perdas expressivas, levando a uma sequência de acionamentos do Chapter 11 nos E.U.A.
*Chapter 11 é uma medida judicial em que empresas podem pedir a recuperação judicial, situação na qual a “exchange” fica protegida de seus credores enquanto um acordo de pagamentos de dívidas é organizado.
Com uma dívida estimada em $3,5 bilhões a Three Arrows Capital (3AC), um dos maiores fundos de hedge da indústria cripto, carregou consigo diversas empresas/exchanges que haviam emprestado recursos à 3AC. Dentre as diversas credoras da 3AC, a Voyager e Celsius entraram com o pedido de recuperação judicial.
Além da queda de exchanges e fundos de investimentos que se seguiram após a quebra da 3AC, o mercado cripto viu a terceira maior exchange do mundo falir de maneira abrupta.
A FTX, terceira maior exchange do mundo, colapsou no início de novembro após rumores sobre sua capacidade de solvência, recorrendo também ao Chapter 11. O caso FTX é a insolvência mais chocante desde a Mt Gox há nove anos, em 2013.
Como é possível observar no gráfico abaixo, as reservas de bitcoin da FTX foram caindo logo após o mês de maio, ocasião do colapso Luna.
O Ether (ETH), outro criptoativo importante no portfólio da FTX também teve sua queda acentuada a partir do mês de maio, conforme dados abaixo:
Embora não seja possível precisar o que, de fato, aconteceu com a FTX, os dados on-chain nos mostram que a derrocada estava anunciada em meados de maio/junho do corrente ano.
Como em uma bola de neve (e ainda sem sabermos se terminou), a BlockFi, com exposições na FTX, pausou os saques de criptomoedas, cuja alegação era a falta de clareza do que ocorria com a FTX (no início de novembro), para que pudesse proteger os ativos de seus clientes.
Contudo, no apagar das luzes do mês de novembro, no dia 28 ela acionou o recurso do Chapter 11.
https://blockfi.com/responses-to-frequently-asked-questions?utm_source=BlockFi
Considerando que a própria BlockFi declarou que tem exposições significativas à FTX, resta aos credores aguardar a resolução dessa questão via judicial, uma vez que o pedido de recuperação judicial foi feito.
Mas afinal, embora toda tempestade de 2022, como estão os investidores do Bitcoin?
Crescimento das Carteiras
Somente no ano de 2022, o Bitcoin teve uma queda de 68% desde sua ATH em U$47,700. Apesar dessa queda, o número de carteiras que aumentaram seu processo de acumulação chegou à sua Máxima. Iniciamos o ano de 2022 com 814,714 carteiras que detinham 0.1 - 1 BTC (Camarões). Hoje, passamos da marca das 954,379 carteiras com esse saldo.
Esse marco não foi só alcançado por carteiras menores, mas também entre os Tubarões (1-10 BTC). No ano de 2022, houve um aumento de mais 10.000 carteiras que passaram para o próximo nível de acumulação.
Psicologia do Investidor Através do Custo Base do Ciclo de Mercado
Através do infográfico abaixo, é possível determinar o comportamento do investidor por meio dos ciclos de mercado.
Em azul, temos o ciclo de alta que à medida que o preço do ativo se valoriza, o preço médio de compra se torna consistentemente lucrativo e o psicológico inabalável.
Em vermelho, temos o ciclo de baixa onde ocorre a depreciação constante do preço, o que resulta em uma base de investidores com o preço médio em constante prejuízo e psicológico abalado.
Nos períodos em que estivemos em um mercado de baixa, os investidores costumam ter o mesmo tipo de comportamento: o viés de pânico generalizado.
“Corram para as Colinas! O Bitcoin Morreu”
O efeito manada é um termo utilizado na psicologia para determinar situações em que um grupo de pessoas reage de forma totalmente irracional e coordenada.
Esse “feeling” pode ser notado em todo o mercado financeiro e em todos os ativos negociados. Hoje, em todo o mercado de criptoativos, vemos os padrões comportamentais mudarem de acordo com as variações do mercado. Os principais motivos da tomada de decisão que deveriam ser estratégia, técnica e analítica são substituídos por impulsos e emoções que, por ventura, quase sempre acabam em resultados negativos.
Atualmente, as “mídias especializadas”, influencers e “especialistas de mercado” pintam um cenário onde o Bitcoin morreu pela 520 x, a falência da FTX mostra a fragilidade do ecossistema e os criptoativos que perderam sua função. Nesse cenário caótico, a mídia cria uma atmosfera de pânico induzida. O viés é inevitável. A influência do que você vê, escuta e lê acaba mudando sua opinião sobre a tese do ativo. É normal. Porém, temos que nos perguntar: “Quais fundamentos da tecnologia foram modificados? Quem ganha com isso? Quais atitudes posso tomar para contornar a situação?”
Uma consequência muito comum desses cenários caóticos são as chamadas bolhas. Essas bolhas podem ser criadas tanto do lado da Euforia (quando um ativo apresenta uma boa performance e passa da racionalidade de valorização econômica), quanto do lado do Pânico (quando um ativo apresenta uma péssima performance e acaba passando da racionalidade de desvalorização econômica). Nessas fases, o efeito manada faz com que investidores se deixem ser levados pelo viés apresentado e mudem de posição que detinham.
Então, como fugir desse viés?
Lembre-se de que todas as operações no Mercado Financeiro decorrem de estudos de tese e análises do ativo. Ou seja, não existem atitudes irracionais. Mesmo que todo o movimento seja resultado do viés da perda/medo, procure pela tese do seu investimento. Os fundamentos da tese de investimento não mudam por cenários passageiros.
Antes de qualquer decisão, é fundamental que você analise e verifique se existem motivos reais para que o ativo esteja barato ou caro. Analise se o viés apresentado não é apenas um efeito de uma bolha.
Não se esqueça do porque você investiu seu dinheiro no projeto em questão. O plano de investimentos que você traçou será a base do seu aporte, ao se deparar com alguma volatilidade, desvalorização ou valorização irracional será comum na sua jornada como investidor.
Metodologia
🔎 O Bankless Monthly Report foi produzido utilizando dados On-chain do sites: Glassnode, Mempool e Look into Bitcoin.
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