O que são Finanças Descentralizadas
Tradução do artigo What is Defi? A Decentralized Finance 101, escrito por Camila Russo, originalmente publicado em The Defiant.
Prezada Nação Bankless,
Neste primeiro artigo do Guia Definitivo para DeFi de The Defiant você conhecerá as origens do termo DeFi. Você saberia dizer quando e como essa expressão foi cunhada?
Apresentaremos a você as principais características das Finanças Descentralizadas, que as fazem tão inovadora e revolucionária.
Por fim, te contaremos sobre o surgimento do primeiro protocolo na rede Ethereum que é considerado o ponto-chave para o surgimento desse movimento revolucionário conhecido como DeFi.
Fique a seguir com o artigo O que são Finanças Descentralizadas.
O que são Finanças Descentralizadas
Tradução do artigo What is Defi? A Decentralized Finance 101, escrito por Camila Russo, originalmente publicado em The Defiant.
Tradutor: Diego_Chippi
Revisor: Gustavo Dorea
Finanças descentralizadas, ou DeFi, é o ecossistema de aplicações financeiras que estão sendo construídas com tecnologia blockchain, e sem bancos.
O dinheiro vive em jaulas:
Cada sistema financeiro está limitado pelas suas próprias fronteiras geográficas e, além disso, apenas alguns conseguem acessá-lo. É também um sistema construído sobre uma tecnologia antiga; todos os protocolos de transmissão de dinheiro são sistemas de mensagens inventados na década de 1970.
DeFi o está libertando.
A maneira como isso está sendo feito é substituindo esses trilhos desatualizados por blockchains públicas, que são redes globais, distribuídas e descentralizadas, feitas especificamente para transferir valor sem a necessidade de intermediários.
DeFi em Cripto: Origens do Termo
O termo DeFi nasceu em um bate-papo no Telegram, em agosto de 2018, entre desenvolvedores da rede Ethereum e empreendedores, incluindo Inje Yeo, da Set Protocol, Blake Henderson, da 0x, e Brendan Forster, da Dharma.
Eles estavam discutindo como chamar o movimento de aplicações financeiras abertas sendo construídas na Ethereum. Outras opções consideradas foram Open Horizon, Lattice Network e Open Financial Protocols. Henderson disse que DeFi funcionou bem, pois "soava como DEFY".
No dia 01 de agosto de 2019 Inje Yeo publicou um tuíte comemorando o primeiro ano do surgimento do termo DeFi. Ele ressaltou como era inspirador ver todo o progresso que havia ocorrido em apenas um ano e colou um print da conversa que teve com Blake Henderson e Brendan Foster naquele dia, quando, após um brainstorm, decidiu batizar o movimento de DeFi.
Então, o que é DeFi?
1. Não Custodial
As redes distribuídas não custodiais permitem que as pessoas tenham controle sobre seus próprios ativos e dados, e que valores sejam transferidos de uma pessoa para outra sem a necessidade de intermediários, como bancos e outras instituições financeiras.
Os usuários são os únicos que têm as chaves de suas carteiras e o controle sobre seus ativos. O termo usado para descrever esse recurso é que os aplicativos DeFi são “não custodiais”, já que nenhum terceiro tem a custódia de seus ativos — você é que tem.
Isso reduz o risco de censura e de perda de dinheiro em um dos muitos hacks sofridos em transações centralizadas, mas também significa que os indivíduos têm uma enorme responsabilidade sobre si e, muitas vezes, nenhum recurso caso algo dê errado (por exemplo, perder sua frase de recuperação).
2. Aberta
Nessas redes abertas, não há fronteiras no sistema financeiro paralelo e todos podem acessá-lo. É como a Internet, mas ao invés de as informações serem transferidas globalmente, de forma integrada e criativa, isso acontece com o dinheiro. É uma Internet do valor.
Para começar a interagir com os aplicativos DeFi só é necessário uma carteira blockchain e uma conexão à Internet. Eles não pedem informações pessoais dos usuários; nem mesmo um nome de usuário e senha são necessários para entrar. Sua identidade é o emaranhado de letras e números que compõem seu endereço na blockchain.
3. Transparente
Transparência é essencial nessas redes. O código para esses aplicativos financeiros é aberto para qualquer pessoa ver e inspecionar. Isso é importante porque qualquer pessoa pode verificar como os aplicativos e protocolos funcionam e rastrear exatamente onde está seu dinheiro.
O código aberto também permite que os desenvolvedores construam sobre os aplicativos existentes, acelerando a inovação e criando um ecossistema interconectado que aproveita os pontos fortes de cada peça. É por isso que os diferentes protocolos e ativos DeFi são normalmente chamados de "legos de dinheiro".
Código transparente também significa que os desenvolvedores são livres para copiar aplicativos e construir praticamente réplicas, que melhoram alguns aspectos da aplicação original. Por exemplo, se uma plataforma está aumentando as taxas, os usuários são livres para copiar o código e criar um aplicativo idêntico, com taxas mais baixas. O modelo leva a competição ao extremo, forçando os desenvolvedores a entregar o melhor produto possível.
4. Descentralizado
Os protocolos financeiros descentralizados são, é claro, descentralizados, construídos em blockchains públicas como a Ethereum. Essas blockchains, os trilhos para este novo sistema financeiro, são operadas por milhares de nós — computadores que executam o software do blockchain — espalhados por todo o mundo, de modo que é quase impossível censurá-los ou pará-los.
No topo dessa camada básica de descentralização, as plataformas DeFi são construídas para serem gerenciadas por uma comunidade de usuários, e não controladas centralmente. Os usuários se tornam proprietários dos aplicativos financeiros que usam; eles são capazes de participar das principais decisões, inclusive propondo mudanças, e se beneficiam do crescimento e sucesso das plataformas. O objetivo é que nenhum agente centralizado possa assumir unilateralmente o controle dos fundos ou alterar as regras do jogo.
Finanças Abertas
A maioria dos aplicativos DeFi não atende a todas as características listadas acima. Ironicamente, considerando o nome DeFi, o aspecto descentralizado é o mais difícil de atender. Ceder completamente o controle de um aplicativo torna mais difícil para os desenvolvedores reagir rapidamente se houver um problema, afinal eles não podem fazer alterações unilateralmente sem passar pelo consenso da comunidade. Isso é difícil para aplicativos que ainda estão nos estágios iniciais de desenvolvimento, então os times geralmente mantêm algum grau de controle sobre seus protocolos.
A descentralização é um espectro e, embora nem todos os aplicativos DeFi estejam na extremidade mais descentralizada, eles estão trabalhando para chegar lá com os times gradualmente cedendo o controle sobre seus protocolos.
Mais do que descentralização, a principal característica que a maioria dos protocolos DeFi atendem e que define o ecossistema é que esses aplicativos são acessíveis por qualquer pessoa. Tudo o que os usuários precisam é de uma conexão com a Internet e de um endereço de blockchain. É por isso que o termo "Finanças Abertas" é frequentemente usado em vez de DeFi.
A História do DeFi
Alguém pode argumentar que DeFi começou com o Bitcoin, em 2009. BTC foi o primeiro dinheiro digital sem intermediário (P2P); o primeiro aplicativo financeiro baseado na tecnologia blockchain.
Mas o ponto-chave para os aplicativos financeiros que permitem aos usuários fazer mais com seu dinheiro do que enviá-lo do ponto A ao ponto B aconteceu em dezembro de 2017, quando o MakerDAO foi lançado.
MakerDAO
MakerDAO é um protocolo desenvolvido na Ethereum que permite aos usuários emitir uma criptomoeda indexada em 1 para 1 ao valor do dólar americano, usando ativos digitais como garantia. Este mecanismo efetivamente permitiu que qualquer pessoa tomasse emprestado a moeda estável Dai dando como garantia Ether (criptomoeda nativa de Ethereum). Ele criou uma maneira de qualquer pessoa contrair um empréstimo sem depender de uma entidade centralizada. Ele também criou um ativo digital indexado ao dólar, que não dependia da manutenção de dólares em um banco, como USDC, USDT e outras moedas estáveis.
O protocolo de empréstimo da MakerDAO e sua moeda estável Dai forneceram as primeiras peças para a construção de um novo sistema financeiro, aberto e que não depende de permissão. A partir daí, outros protocolos financeiros foram lançados, criando um ecossistema cada vez mais vibrante e interconectado. O Compound Finance, lançado em setembro de 2018, criou um mercado para os tomadores de empréstimos contraírem empréstimos garantidos e os credores se beneficiarem das taxas de juros pagas por aqueles. O Uniswap, lançado em novembro de 2018, permitia que os usuários trocassem de maneira transparente e sem permissão qualquer token na rede Ethereum.
Esse é só o começo para DeFi
Menos de três anos depois que a MakerDAO lançou a primeira peça do lego de dinheiro, já existem dezenas de aplicativos DeFi, desde casos básicos de uso, como permitir empréstimos e trade, até outros mais loucos, como a criação de ativos sintéticos, streaming (envio constante) de pagamentos e jogos de loteria em que você sempre pode obter seu dinheiro de volta.
Os ativos depositados nos contratos inteligentes dessas plataformas ultrapassaram US $1 bilhão, então, rapidamente, US $2, US $3 e US $4 bilhões e US $10 bilhões apenas no ano de 2020. Está claro que estamos apenas começando.
Atualmente, em dezembro de 2021, o valor total depositado em plataformas DeFi já ultrapassa os US $100 bilhões.
Continue acompanhando a nossa série de publicações em parceria com The Defiant para ficar por dentro de tudo sobre DeFi.
Esse texto não é recomendação financeira ou fiscal. Este boletim informativo é estritamente educacional e não é um conselho de investimento ou uma solicitação para comprar ou vender quaisquer ativos ou para tomar quaisquer decisões financeiras. Fale com seu contador. Faça sua própria pesquisa.
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