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O Melhor Argumento Contra as Criptomoedas
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O Melhor Argumento Contra as Criptomoedas

Se sacrificarmos a descentralização por conveniência, faria alguma diferença?

Brian | nomaj 🏴
Feb 9
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Prezada Nação Bankless,

Em dezembro do ano passado, Ryan fez uma pergunta em seu tópico semanal:

Qual é o melhor argumento contra cripto?

Recebemos várias respostas interessantes, incluindo:

  • Vulnerabilidades de código

  • Imutabilidade on-chain como um vetor de ameaça

  • O Estado rastreando sua identidade na blockchain

  • Dependência de eletricidade e internet

  • Riscos desconhecidos em perturbar o sistema financeiro mundial

Twitter avatar for @RyanSAdamsRYAN SΞAN ADAMS - rsa.eth 🦇🔊 @RyanSAdams
What's the best argument against crypto you've heard?

December 1st 2021

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@RyanSAdamns:

“Qual é o melhor argumento contra o ecossistema cripto que você já ouviu?”

Alguns argumentos são válidos. Mas teve um que me chamou muito a atenção. Um que não se concentrou nos ataques de fora, mas sim nas ameaças de dentro.

E se a ameaça real for a separação de cripto dos seus valores que guiam o movimento cripto?

Após a Grande Recessão, o whitepaper do Bitcoin se tornou um grito de guerra contra a falha corrupta de um sistema bancário opaco e de um governo que, em meio à crise econômica, deixou o homem comum assumir toda responsabilidade 💰.

Bitcoin tornou-se o porta-bandeira de um novo sistema financeiro. Uma moeda que não estava vinculada a intermediários centralizados, operava de forma transparente e não podia ser manipulada.

Mas será que estamos realmente cumprindo essa promessa? Ou estamos voltando aos nossos velhos hábitos por conta de suas facilidades?

Temos medo de ser livres?

Donovan nos mostra os custos de sacrificar os valores da descentralização por conveniência e o que podemos fazer para corrigir o rumo.


Escritor Convidado:  Donovan Choy, Pesquisador Independente

Traduzido, revisado e formatado pela Guilda da Escrita: vin, bettercallvictor, Brian | nonmaj 🏴


O Melhor Argumento Contra o Ecossistema Cripto

Imagem por Logan Craig

Em um ensaio clássico de 2005, o economista libertário e ganhador do Prêmio Nobel, James Buchanan, argumentou que o crescimento predatório dos Estados-nação é, em grande parte, alimentado não apenas por políticos oportunistas, mas também pelo desejo dos cidadãos de fugir da responsabilidade pessoal.

Buchanan escreveu que os políticos são empoderados porque a liberdade vem com responsabilidades adicionais, e as pessoas simplesmente têm medo de serem livres. Elas preferem abraçar a “proteção semelhante a um casulo” do Estado regulador e delegar responsabilidades pessoais da vida cívica a um guardião central, que cuidará de nossos machucados quando cairmos, em vez de enfrentar a natureza espontânea e as imprevisibilidades de uma economia de livre mercado.

Esta não é uma observação única.

Quase dois séculos antes, o cientista político francês, Alexis de Tocqueville, fez uma observação semelhante quando deixou a monarquia da França para a recém-criada república da América. Tocqueville ficou maravilhado com a nova república, mas também temeu que os custos do autogoverno democrático pudessem ser altos demais para suportar. Ele pensou que isso poderia levar a uma tendência em que os cidadãos abdicassem cada vez mais de suas liberdades para um governo paternalista e autoritário.

Em sua obra magna de 1835, Democracia na América:

“A vontade do homem não é quebrada, mas amolecida, dobrada e guiada: os homens raramente são forçados por ela a agir, mas são constantemente impedidos de agir: tal poder não destrói, mas impede a existência; não tiraniza, mas comprime, enerva, extingue e entorpece um povo, até que cada nação seja reduzida a nada mais do que um rebanho de animais tímidos e produtivos, dos quais o governo é o pastor.”

De muitas maneiras, isso se assemelha à maior fraqueza do ecossistema cripto hoje. Ele é um sistema livre de Estado que requer autogovernança, mas é difícil imaginar que a maioria dos usuários de cripto hoje tenham de fato interesse na descentralização ou possuam a disciplina autorreguladora que a descentralização exige.

Descentralização significa autogovernança

A raison d'être de DeFi é a democratização do mundo das finanças. Graças à Internet e aos contratos inteligentes, DeFi elimina ou reduz a influência de entidades centrais – governos, corporações, ou pior, a junção de ambos – no setor bancário. Uma combinação que teve efeitos devastadores, olhando para trás, na Grande Recessão de ‘2007-2008’.

A descentralização é desejável porque dificulta que grupos se organizem a fim de manipular as regras a seu favor, em vez de servir como um bem público. DeFi promete criar um mundo de finanças livre de permissão, onde o usuário comum tem o poder de buscar sua própria liberdade financeira.

No entanto, um sistema financeiro sem Estado não é o mesmo que governança zero. Este é um ponto importante que vale a pena reafirmar vinte vezes. Um equívoco comum é considerar a ausência de governo como um sinônimo de ausência de governança.

Isso está absolutamente errado. 

Grande parte da vida diária é regulada por mecanismos de automonitoramento que emergem de ordens espontâneas e ações coletivas de baixo para cima, desde algo tão trivial quanto normas sociais que regulam o comportamento no local de trabalho, até às regras informais que policiam as comunidades públicas em que vivemos.

A economista Elinor Ostrom ganhou um Prêmio Nobel por seu extenso trabalho empírico que detalhava a autogovernança dos cidadãos em florestas, pesca costeira, sistemas de irrigação e sistemas de policiamento, sem a necessidade de intervenção central. Uma grande quantidade de pesquisas revisadas por pares em ciências sociais mostra que o autogoverno eficiente tem uma maneira de emergir, mesmo nas circunstâncias sociais mais precárias, como prisões do submundo, Estados-nação autoritários atingidos pela pobreza e mercados de ações de Amsterdã do século XVII. 

Com DeFi não é diferente. A ausência de regulamentos políticos significa apenas que o autogoverno será ainda mais uma auto-responsabilidade. Em vez de confiar em políticos ou partidos centralizados para regular DeFi, temos um dever de auto-custódia que escolhemos assumir e desenvolver. 

Ao contrário da percepção dominante, DeFi já está repleto de mecanismos de autorregulação. Essas regras e políticas adotadas espontaneamente disciplinam a evasão e protegem contra o comportamento predatório:

  • Os mais comuns são os modelos de sobrecolateralização de capital usados ​​em staking e yield farming para deter a acumulação de dívidas.

  • Outra é o uso indiscriminado de tokens de protocolo como forma de votar em mudanças de protocolo.

  • Apesar da falta de leis financeiras, muitos protocolos DeFi de primeira linha, como Compound, Uniswap ou MakerDAO, enviaram voluntariamente seus códigos de contratos inteligentes para auditoria.

  • DeFi também oferece seguro contra hacks de contratos inteligentes. Os protocolos neste submercado incluem Armor e Nexus Mutual, com US$ 1,3 bilhão em TVL, no período de dezembro de 2021. 

A grande mídia continuará a pintar DeFi como um “velho oeste das finanças”. Mas, na realidade, os protocolos são muito menos voláteis do que a metáfora leva a crer. 

A autorregulação é generalizada. 

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