O Hold de Livros pela Igreja durante a Idade Média e a Descentralização da Prensa de Gutemberg
Descubra como Gutemberg, a Idade Média e o Bitcoin se conectam.
O Hold de Livros pela Igreja durante a Idade Média e a Descentralização da Prensa de Gutemberg
Por: Henrique Kopke
O Peer-to-peer eletronic cash é, de fato, um novo patamar do relacionamento entre ser humano e a máquina computacional digital conectada. Há 14 anos essa relação continua, vêm sendo remodelada pela introdução de sistemas computacionais dotados de arquitetura cognitiva, onde as melhorias na capacidade de interação com o ser humano ocorrem tanto em seus aspectos de automação, como em sistemas de valor subjetivo, a exemplo das raridades das inscrições ordinais no BTC.
Para chegarmos à nossa era das máquinas cognitivas e para entender os processos e produtos comunicacionais que modelam as narrativas de mercado e a cultura das comunidades de ativos digitais, seria interessante compreender que, independentemente do período histórico, todas as tecnologias sempre compuseram os modos de produzir e distribuir informação de relevância social.
Segundo o doutor em Ciência da Comunicação, Walter Teixeira Júnior, o primeiro registro histórico de uma tecnologia criada para a escalabilidade da comunicação foi a prensa de Gutenberg, que utilizava pequenos blocos com letras, chamados de tipos móveis. Antes desta tecnologia, a produção de textos era realizada de forma artesanal.
Essa passagem, de produção artesanal para mecânica acionada via força humana, amplificou o alcance e frequência de produção dos veículos comunicacionais impressos, impactando profundamente a reserva de códex ou códices (livros) sob a custódia da Igreja. Antes da arte se tornar um ativo especulativo, atuando em paralelo à lógica da oferta/demanda, um dos artigos mais escassos durante o Império Bizantino e Feudalismo Europeu era o livro artesanalmente produzido.
Não por engano, a Igreja Medieval fazia hold de livros. A escassez dos textos, dentre outros fatores, se devia tanto ao ritmo de produção, como ao emprego de pessoas alfabetizadas. Dessa forma, o valor do livro se dava por um processo de validação de prova de trabalho: escrever à mão um livro inteiro e atestar linha por linha, verificando o número de palavras entre livro original e as cópias. O produto final, acabava ficando estocado, muitas vezes em segredo, em monastérios, igrejas, e criptas.
O hold dos códices criava uma reserva, em que o valor não estava apenas no aspecto econômico, mas também ao acesso ao conhecimento, criando um princípio de centralização que a história chamou de monopólio do conhecimento. Eis que em 1450, pensaram “not your copy, not your book” e uma nova tecnologia disruptiva passou a permitir a virtualização do processo de escrita.
Não sabemos se a prensa de Johannes Gutenberg causou uma inflação no valor dos livros no início do período moderno, há apenas uma especulação a partir de uma lógica de mercado. O fato é que a humanidade, a partir daí, conseguiria imprimir infinitas cópias não apenas da Bíblia, mas de qualquer papel escrito, inclusive dinheiro.
O mesmo fenômeno que irá descentralizar o acesso à informação modificando positivamente as estruturas do sistema medieval, se observada pelas problemáticas da impressão de dinheiro, será visto negativamente como ação centralizadora que cria inflação e consequente crises econômicas que, em nossos tempos, fizeram surgir o Bitcoin como resposta descentralizada ao status quo da lógica econômica moderna (hoje tida como ultrapassada).
No gráfico da história, a retração de Fibonacci tem uma lógica bonita de se enxergar.
Referências:
GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da História. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
HARVEY, David. Condição Pós-Moderna - uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola - 1993.
Biografia do Autor
Henrique Kopke é colaborador da BanklessBR, Professor Universitário e Animador 2D.
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Henrique sempre com uma perspectiva inovadora, unindo o mundo IRL com o digital!!
Texto excelente, parabéns! ✨