Dez Anos de Aprimoramento na Ethereum

À medida que a Ethereum completa 10 anos, bate uma nostalgia. Aqui estão algumas das EIPs mais importantes da rede.

Prezada Nação Bankless,

No artigo de hoje, apresentamos a tradução do artigo Ten Years of Improving Ethereum, de autoria de Jack Inabinet, originalmente publicado em Bankless HQ.

Dez Anos de Aprimoramento na Ethereum

À medida que a Ethereum completa 10 anos, bate uma nostalgia. Aqui estão algumas das EIPs mais importantes da rede.

Enquanto a Ethereum celebra seu décimo aniversário, é importante lembrar que o que torna essa comunidade especial é o fato de termos nos unido em torno de uma máquina viva e em constante transformação.

Embora seu objetivo principal permaneça o de fornecer computação descentralizada, as ferramentas e mecanismos por trás dessa missão evoluem por meio do sistema de Propostas de Melhoria da Ethereum (Ethereum Improvement Proposal - EIP).

O processo de EIPs é aberto a todos – de desenvolvedores a pesquisadores e usuários comuns – que podem propor atualizações para a rede Ethereum. Seja com ajustes técnicos ou mudanças monumentais no escopo, essas propostas trabalham em conjunto para refinar a Ethereum rumo ao futuro das blockchains.

Neste artigo, destrinchamos cinco das EIPs mais importantes que definem a Ethereum que você conhece hoje. 👇

1️⃣ EIP-20: Padrão de Token

Proposta inicialmente como um padrão universal de token por Fabian Vogelsteller e Vitalik Buterin em 2015, a EIP-20 definiu as funções e eventos obrigatórios que um token precisa implementar para estar em conformidade com o padrão ERC-20.

Essa atualização foi adotada em 2017 e simplificou a integração de tokens em aplicações e serviços dentro da Ethereum. Ela foi diretamente responsável por catalisar a febre dos ICOs, ao permitir que emissores levantassem fundos com facilidade, por meio de formatos de tokens padronizados e compatíveis com toda a rede.

Para os desenvolvedores, o ERC-20 simplificou o processo de criação de novos tokens, oferecendo grande flexibilidade no design. Para os usuários, tornou mais fácil interagir com uma ampla variedade de tokens, independentemente de sua finalidade ou implementação específica.

2️⃣ EIP-1559: Mercado de Taxas

Em 2018, Vitalik Buterin escreveu o artigo “Precificação de Recursos em Blockchains”, no qual defendia que a computação em blockchain deveria ser tratada como um serviço economicamente precificado, com taxas que refletissem os custos reais para evitar abusos da rede.

O resultado foi a EIP-1559, uma atualização que separou o mercado de taxas da Ethereum em dois componentes com preços dinâmicos, adotada formalmente em agosto de 2021 como parte do hard fork London.

Sob o regime da EIP-1559, uma “taxa base” variável, que se correlaciona positivamente com a demanda computacional, deve ser paga para concluir qualquer transação. Já a “gorjeta” opcional é paga para incentivar os validadores a incluírem a transação em seu bloco. A taxa base é queimada e desaparece da oferta, enquanto a gorjeta é retida pelo validador que produziu o bloco.

3️⃣ EIP-3675: Proof-of-Stake

Talvez a atualização mais aguardada de todos os tempos, a EIP-3675 (mais conhecida como “The Merge”) substituiu o mecanismo de consenso da Ethereum baseado em prova de trabalho (Proof-of-Work) por prova de participação (Proof-of-Stake), alterando fundamentalmente o processo de produção de blocos ao trocar a mineração intensiva em energia por validação baseada em staking.

O Merge finalizou a transformação do ETH em um ativo produtivo, reduziu o consumo energético da Ethereum em 99,5% e encerrou os subsídios da “beacon chain” usados para incentivar o staking de validadores antes da transição para o PoS.

4️⃣ EIP-4844: Blobs das L2s

Na busca por escalabilidade, a Ethereum construiu as L2s, blockchains secundárias que postam dados de transações na Ethereum, ao mesmo tempo em que aumentam a capacidade e reduzem as taxas. Essas L2s sempre ofereceram custos de transação muito mais baixos em comparação ao L1 da Ethereum, mas mesmo as taxas iniciais – de alguns centavos por transação – ainda eram consideradas altas para atingir adoção em massa.

A EIP-4844 introduziu um novo tipo de armazenamento temporário na L1, chamado “blobs”, com mercados de taxas separados dos “call data”, o espaço padrão de armazenamento das transações na L1 da Ethereum que retém dados indefinidamente.

O hard fork Dencun trouxe os blobs para a mainnet da Ethereum em março de 2024. Desde então, os custos de transação nas L2s caíram para frações de centavos e a grande maioria da atividade de transações da Ethereum migrou para as L2s.

5️⃣ EIP-3074: Experiência de Uso (UX) em Wallets

Integrada à mainnet com o hard fork Pectra da Ethereum em maio de 2025, a EIP-3074 reformulou o funcionamento das carteiras ao fornecer capacidades semelhantes às de contratos inteligentes para contas externas padrão (EOA).

A EIP-3074 permite que carteiras EOA assinem transações que autorizam “contratos invocadores” a agir em seu nome; isso possibilita aprovações com um clique, transações sem taxas (gasless) e mecanismos de recuperação social que simplificam a experiência onchain (especialmente para usuários menos familiarizados com cripto).

Embora ainda existam preocupações de que a EIP-3074 aumente a superfície de ataque das carteiras – já que atores maliciosos poderiam esvaziar uma carteira com uma única transação –, outros argumentam que a atualização abstrai as complexidades das EOAs e torna as wallets mais adequadas para adoção em massa.