DeAI é o “momento iPhone” que cripto estava esperando
A criptografia construiu a infraestrutura. A DeAI dá a ela um propósito.
Prezada Nação Bankless,
No artigo de hoje, apresentamos a tradução do artigo “DeAI is the ‘iPhone Moment’ that crypto’s been waiting for”, de autoria de Tory Green, originalmente publicado em The Defiant.
DeAI é o “momento iPhone” que cripto estava esperando
Cripto entregou inovações impressionantes na última década. O Bitcoin desafiou o dinheiro estatal. DeFi reinventou os serviços financeiros. Os NFTs transformaram a propriedade digital. Ainda assim, apesar de bilhões investidos e ciclos intermináveis de hype, a adoção em massa continua sendo uma miragem. Menos de 2% usam cripto para algo além da especulação. DeFi captura uma fatia insignificante das finanças globais. O valor dos NFTs despencou 90% desde seus picos.
O problema nunca foi a tecnologia. Cripto só não tinha encontrado seu momento iPhone — o aplicativo revolucionário que faz tudo se encaixar. Esse momento chegou. A IA descentralizada é o destino das criptomoedas.
O problema da adoção que ninguém quer admitir
Todo fundador em cripto conhece a verdade desconfortável por trás das palestras de conferência e threads no Twitter. O uso real continua vergonhosamente baixo. Claro, os valores de mercado alcançam trilhões durante os ciclos de alta, mas a utilidade real mal aparece em escala global. O valor total travado no DeFi parece impressionante até que se perceba que representa apenas 0,05% das finanças tradicionais. As coleções de NFT mais bem-sucedidas viraram os Beanie Babies digitais — valiosas apenas até a música parar.
Isso não é fracasso. É um prelúdio. A internet passou anos como uma curiosidade para acadêmicos e entusiastas. E-mail parecia inútil quando todos tinham telefone. Fazer compras online parecia arriscado e complicado. Então chegaram os smartphones, e de repente a internet se tornou essencial no dia a dia. A infraestrutura já existia — faltava a aplicação decisiva.
Cripto construiu uma infraestrutura notável na última década. Pagamentos globais seguros. Dinheiro programável. Escassez digital. Coordenação descentralizada. Essas inovações são importantes, mas vinham sendo soluções à procura de problemas que a maioria das pessoas não sente como urgentes. O Bitcoin funciona brilhantemente como ouro digital, mas quantas pessoas realmente precisam de uma reserva de valor resistente à censura? DeFi permite empréstimos sem permissão, mas os bancos tradicionais atendem adequadamente à maioria dos usuários. Os NFTs provam a propriedade digital, mas a coleção de JPEGs ainda é um nicho.
A peça que faltava sempre foi um caso de uso tão convincente que a descentralização se tornasse não apenas útil, mas necessária. Entra em cena a inteligência artificial.
A crise de infraestrutura que se aproxima da IA
Enquanto cripto lutava para encontrar seu propósito, a IA explodiu no mainstream com uma velocidade impressionante. O ChatGPT alcançou 100 milhões de usuários em dois meses. Todas as grandes corporações correm para integrar IA. Governos investem bilhões em estratégias nacionais. A tecnologia já transforma setores como saúde, finanças e artes criativas.
Mas o crescimento astronômico da IA cria problemas que uma infraestrutura centralizada não consegue resolver. A matemática simplesmente não fecha. A demanda por computação em IA dobra a cada 3,4 meses, enquanto a construção de data centers leva anos. A produção de GPUs atenderá apenas 57% da demanda projetada para 2030. O consumo de energia ameaça sobrecarregar as redes elétricas. As empresas que constroem o futuro da IA estão, ao mesmo tempo, projetando seu colapso.
O problema da centralização vai além dos limites de capacidade. Quando a AWS controla os servidores, o Google monopoliza os dados e a Microsoft é dona dos modelos, a inovação flui por gargalos corporativos. Pesquisadores em mercados emergentes não conseguem acesso a recursos. Startups gastam sua verba em computação em vez de desenvolvimento. Casos de uso inteiros permanecem inexplorados porque não se alinham aos modelos de negócios das big techs.
A fragilidade do sistema agrava essas preocupações. A queda da AWS em dezembro de 2021 não afetou apenas a Netflix — ela revelou o quão vulnerável nossa arquitetura centralizada se tornou. À medida que a IA se torna mais crítica para a sociedade, depender dos data centers de três empresas se torna um risco existencial. Uma falha grave pode paralisar sistemas globais.
Os vieses documentados em sistemas como o GPT-4 expõem outra falha fatal. Quando corporações controlam a IA, elas moldam sua visão de mundo. Elas decidem quais perguntas serão respondidas, quais perspectivas serão representadas e quais usos serão permitidos.
Sistemas centralizados inevitavelmente refletem os valores e incentivos de seus criadores.
Talvez o mais crítico: os custos estão se tornando insustentáveis. Treinar modelos de ponta já exige centenas de milhões em computação. Até 2027, esse valor chegará a US$ 1 bilhão por modelo. Essa realidade econômica garante que apenas as corporações mais ricas possam participar do futuro da IA, concentrando ainda mais poder nas mãos de quem já o possui.
Por que cripto e IA foram feitas uma para a outra
Aqui está o que muda tudo: as propriedades fundamentais de cripto resolvem diretamente os desafios existenciais da IA.
Redes descentralizadas escalam instantaneamente onde a infraestrutura centralizada falha. Enquanto a Amazon leva anos para construir data centers, redes cripto podem ativar milhões de GPUs ociosas em poucos dias por meio de incentivos com tokens. A io.net chegou a 138 países mais rápido do que a AWS conseguiria erguer um único prédio. A solução para a escassez de computação da IA já existe em equipamentos de jogos e servidores subutilizados ao redor do mundo — cripto apenas a desbloqueia.
O acesso sem permissão substitui o controle corporativo. Qualquer desenvolvedor pode implantar modelos na rede do Bittensor. Qualquer conjunto de dados pode encontrar compradores no Ocean Protocol. Qualquer proprietário de GPU pode vender poder computacional em marketplaces descentralizados. O atrito que mantém a IA restrita a equipes com muito capital simplesmente desaparece.
A transparência da blockchain resolve o déficit de confiança da IA. Quando modelos rodam em redes descentralizadas, suas operações se tornam auditáveis. Provas de conhecimento zero verificam os cálculos sem expor dados sensíveis. A governança comunitária garante que nenhuma entidade única controle o desenvolvimento da IA. A caixa-preta se abre.
Mais importante ainda, o modelo econômico cripto se alinha perfeitamente às necessidades da IA. Os tokens coordenam recursos globais sem planejamento centralizado. A competição entre provedores reduz os custos em até 90% em comparação às alternativas centralizadas. O valor flui para os contribuintes, não para os acionistas. A economia que parecia especulativa para pagamentos se torna essencial para a infraestrutura da IA.
Essa convergência revela o verdadeiro propósito de cripto. A tecnologia nunca foi apenas sobre descentralizar o dinheiro — ela estava se preparando para descentralizar a própria inteligência. Cada inovação da última década, desde mecanismos de consenso até contratos inteligentes e DAOs, construiu a base para uma IA distribuída. Só não conseguíamos ver isso até a crise de centralização da IA tornar tudo óbvio.
A IA descentralizada não melhora cripto. Ela a completa. Este é o momento iPhone que esperávamos — o aplicativo que transforma uma tecnologia experimental em infraestrutura essencial. A fase de especulação termina. A revolução começa.