Como Avaliar Riscos em Protocolos de Lend?
Um framework para avaliação de risco ao se emprestar ativos a um protocolo monetário
Prezada Nação Bankless
Meu conselho número 1 se você estiver querendo emprestar suas criptos: não corra atrás apenas dos juros!
Não entre nos protocolos que dizem pagar 1000% de juros ao ano, sem antes considerar seu risco.
Busque por retornos ponderados pelo risco.
Mas como avaliar risco?
Este será um tema recorrente no programa Bankless. Mas um ótimo lugar para começar é um framework recomendado por um atuário cuja missão é ajudar a avaliar e mitigar os riscos de protocolos. É isso que vamos cobrir hoje.
Estou animado com esses ensinamentos.
Se você planeja utilizar Aave, Compound, MakerDAO, DyDx, ou qualquer outro protocolo monetário, você deveria ler esse texto e aplicar as táticas apresentadas.
Vamos evoluir!
Lembrete: iremos soltar a parte 2 do artigo Ultra Sound Money amanhã, dia que o EIP-1559 vai ao ar. Quem não for assinante ficará de fora deste conteúdo. Inscreva-se agora e garanta 33% de desconto em nosso programa.
Como avaliar o risco de emprestar a um protocolo?
Escrito originalmente por Hugh Karp, fundador da Nexus Mutual
Aprenda um framework para avaliação de risco de emprestar seus ativos a um protocolo monetário. Em primeiro lugar, isso te ajuda determinar o que fazer com o risco — gerenciar, evitar, ignorar ou garantir. Em segundo lugar, isso te ajuda a avaliar protocolos de Lend pelas lentes dos incentivos técnicos, externos e econômicos.
Objetivo: Determinar como pensar sobre e categorizar os riscos de protocolos Lend
Habilidade: Iniciante
Esforço: 30 minutos
ROI: Aumentar seus retornos ponderados pelo risco em cripto-lending
Ok, quais são os riscos?
Se alguém te diz: “você pode ganhar mais do que 10% a.a.”, sua primeira resposta deveria ser “parece furada”. Mas isso nem sempre é o caso, e assumindo que você está interessado o suficiente em se aprofundar melhor, sua próxima pergunta deveria ser: “ok, mas quais são os riscos?”.
Vamos analisar em conjunto um framework de alto nível para compreender os riscos envolvidos em interagir com os diferentes sistemas DeFi. Isso não garante respostas perfeitas, rápidas ou específicas, mas irá lhe proporcionar ferramentas básicas para que você consiga fazer por conta própria. E o mais importante, você não precisa saber ler um código em Solidity.
Consequências e probabilidade
O primeiro passo ao tentar entender os riscos é o dividir em dois principais fatores: probabilidade e consequência. Como você irá observar, manter esses dois itens separados ajuda na compreensão dos riscos e quais ações apropriadas fazer para os gerenciar.
Probabilidade — a hipótese que um erro realmente ocorra. É uma situação relativamente comum, ou é um evento raro que pode nunca acontecer?
Consequência — o que acontece caso o evento de fato ocorra? Isso resultará em perdas insignificativas e pequenas ou numa falha catastrófica que levará a perda de todo seu investimento?
Dependendo de como o risco se comporta em cada um desses fatores é crucial para compreender como você deve gerencia-lo. Resumidamente, a matriz a seguir deve ser um guia em quais ações tomar, de forma geral:
Evitar — Qualquer coisa que tenha uma alta probabilidade e alta consequência deve ser evitada, o risco não pode ser medido ou garantido por um preço razoável. Esse é o território das fraudes e das furadas, mas também pode ser aplicado de forma mais branda
Administrar — Itens de alta probabilidade com pequenas consequências formam parte do gerenciamento diário para você ter responsabilidade ou terceirizar o gerenciamento sem seu lugar. Por exemplo, otimizar retornos dado a mudança de rendimentos dentre diferentes protocolos DeFi.
Ignorar — Itens de baixa probabilidade, pequenas consequências são itens que em sua maioria nem valem a pena a preocupação. O custo e tempo gasto no gerenciamento provavelmente não vale o esforço, então faz sentido ignorá-los.
Garantir — A última categoria é de baixa probabilidade, mas tem altas consequências. É aí que você deve assegurar aonde for possível, de forma a melhorar seu risco-retorno. No mínimo você deveria entender os cenários de consequências perigosas e o que pode causá-los.
Três tipos de riscos em um protocolo de Lend (empréstimo)
Agora que temos um framework geral para se trabalhar em cima, como identificamos os eventos ou riscos que podem ocorrer? A alta probabilidade de riscos costuma ser mais óbvio, já que eles tendem a ocorrer durante a operação normal da plataforma. Taxas de juros se movimentando, liquidação de colateral, gastos com spread, etc. Os riscos de alta consequência devem sera queles que você passa a maior parte do tempo pensando e entendendo, já que é ali que você terá uma maior compreensão do espectro de risco retorno.
Para te guiar no processo, existem três principais grupos de risco quando se utiliza as diferentes plataformas DeFi. Cada um deles resulta em uma perda enorme de capital, dependendo da plataforma, então é importante compreender bem os três.
1. Risco técnico
O risco que os contratos inteligentes não estejam funcionando como intencionado pelos desenvolvedores. É bastante difícil codificar sem nenhuma falha, então há sempre um nível de risco técnico que existe. Auditorias, testes extensivos, verificação formal, bem como tempo de guerra que esses contratos têm, são fatores que podem reduzir o risco técnico.
Uma simples medida de fundos mantidos x tempo mantido pode ser uma avaliação inicial para riscos técnicos, mas tendo em mente que até contratos veteranos de guerra passaram por problemas no passado.
2. Risco externo
O risco de como informações externas influenciam como o contrato inteligente opera em detrimento de outros usuários. Por exemplo, um oráculo pode fornecer dados maliciosos; um administrador pode mudar um parâmetro do sistema; procedimentos de governança podem ser cooptados.
Isso é difícil de avaliar sem um certo nível de conhecimento técnico, mas costuma haver artigos escritos nas principais plataformas que descrevem quanto controle têm os administradores e onde estão os fatores externos. Algumas plataformas começaram a aplicar bloqueios temporais na governança, o que pode permitir que os usuários retirem os fundos antes que qualquer mudança seja aplicada, e outras plataformas não contam com qualquer risco externo, como, por exemplo, a Uniswap.
3. Riscos de Falhas de Incentivos Econômicos
Diversos sistemas de contratos inteligentes, especialmente no ecossistema DeFi, dependem de incentivos econômicos para encorajar participantes da rede a tomarem certas ações. Esses incentivos podem falhar a encorajar o comportamento certo ou não ser adequado o suficiente, o que pode levar outros usuários a serem adversamente impactados. Por exemplo, os incentivos nos contratos inteligentes da MakerDAO, podem ser muito agressivos, e a correspondência entre DAI e USD pode quebrar caso o preço do ETH caia bastante, brusca e rapidamente.
Primeiro, fique confortável com o pior caso, e assim você pode tomar a decisão se você está disposto a tomar o risco ou não. Por exemplo, no Compound, o pior cenário para falhas de incentivos econômicos é provavelmente que fundos não podem ser sacados por algum período de tempo, ao invés de os fundos serem permanentemente perdidos. Dependendo de suas circunstâncias, isso pode ser tolerável ou não.
Uma vez que você compreendeu os riscos, você pode os classificar dentro de uma matriz mais detalhada e assim decidir se como você irá lidar com os riscos. Seja evitando, administrando, ignorando ou garantindo.
Interagir com contratos inteligentes em DeFi é algo relativamente novo, e riscos existem, mas geralmente eles podem ser compreendidos adequadamente e gerenciados de forma apropriada. Se você compreender primeiro os diferentes modelos de falha, você estará em uma melhor posição para crescer sua riqueza cripto ao longo do tempo.
O Autor Hugh Karp, é fundador da Nexus Mutual, uma empresa que fornece seguros para riscos técnicos para diferentes protocolos monetários. A maioria deles custa de 1 a 2% dos retornos anuais. Riscos externos por sua vez não podem ser assegurados, então é importante saber se os desenvolvedores do protocolo tem o poder de modificar o código ou sacar os fundos. O Compound, por exemplo, implementou um atraso de 2 dias para funções de administradores em seu contrato inteligente. Isso limita seu poder de modificar o código sem ninguém notar. É importante buscar características desses tipos nos protocolos que você venha a interagir
O maior risco externo em protocolos monetários como o Maker e Syntetix é provavelmente algum ataque de Oráculo — isso merece seu próprio artigo específico. Você ainda não pode comprar uma cobertura de seguro e ficar coberto contra ataques de Oráculos. Mas no final das contas: protocolos de Lend (empréstimo) ainda são arriscados — dimencione o tamanho de suas aplicações adequadamente.
Esse texto não é recomendação financeira ou fiscal. Este boletim informativo é estritamente educacional e não é um conselho de investimento ou uma solicitação para comprar ou vender quaisquer ativos ou para tomar quaisquer decisões financeiras. Este boletim informativo não é um conselho fiscal. Fale com seu contador. Faça sua própria pesquisa.
Parêntesis. Ocasionalmente, posso adicionar links para produtos que uso neste boletim informativo. Posso receber comissão se você fizer uma compra através de um desses links. Sempre irei divulgar quando for o caso.
Post Original: https://newsletter.banklesshq.com/p/how-to-assess-the-risk-of-lending
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