Bens Públicos Globais e a tese da Pia de Protocolos
Como o Ethereum é uma plataforma de hospedagem e propagação de bens públicos globais em dinheiro e finanças
Prezada nação Bankless,
Gente — este é o artigo! David explica a Pia de Protocolos e desbloqueia novos modelos mentais para bens públicos globais ao longo do caminho.
Alerta de spoiler: os protocolos vencem.
Isso explica por quê.
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Ethereum para Bens Públicos Globais e a Tese da Pia de Protocolos
Ethereum é uma plataforma para bens públicos globais na área de dinheiro e finanças.
A tese da Pia de Protocolos ilustra como os aplicativos deixam de ser experimentos financeiros e passam a ser plataformas financeiras globais invencíveis, usadas por todos. Quanto mais pessoas usam um aplicativo, mais abaixo ele fica na Pia de Protocolos, e quanto mais coisas se acumulam na parte inferior da Pia de Protocolos, a força gravitacional do Ethereum se fortalece.
A Pia de Protocolos (The Protocol Sink)
A tese da Pia de Protocolos oferece um modelo de como os sistemas cripto se manifestarão na maturidade.
A tese afirma que quanto mais livre de confiança (trustless), livre de permissão (permissionless) e de credibilidade neutra é um protocolo, mais ele pode escalar para uma plataforma global e, como consequência, absorver uma quantidade maior de capital. Os protocolos que oferecem uma plataforma de base para se construir tornam-se 'densos' e caem no fundo da Pia de Protocolos devido ao peso coletivo das pessoas e empresas que se baseiam neles para produzir.
Os protocolos Web3 DeFi como Uniswap, Compound e Maker sobreviverão no longo prazo removendo vetores de ataque e ganhando anti-fragilidade, o que lhes permitirá romper os limites da escala de uso que os aplicativos Web2 alcançaram.
Dois recursos principais preveem onde um protocolo encontra seu local de repouso na Pia de Protocolos: Utilidade e Área de superfície.
Utilidade
A utilidade de um protocolo é o valor que ele traz para seus usuários, que gera incentivo para a sua adoção e aproveitamento. A utilidade de um protocolo é o incentivo que ele gera para depositar dinheiro ou ativos em seus contratos. O valor total dos ativos depositados em um aplicativo (pense: 'valor bloqueado no DeFi'). Para protocolos com um token, a utilidade pode ser medida pela capitalização de mercado dos tokens ou pelo valor total depositado em seus contratos.
Área de superfície
A Área de Superfície de Ataque de um protocolo é a fraqueza ou resistência que ele tem em ser capturado, coagido, corrompido, explorado. Se um protocolo tiver uma grande superfície de ataque, ele pode ser capturado, coagido ou explorado para beneficiar alguns indivíduos em detrimento de outros, o que invalida a neutralidade confiável do protocolo. A eliminação da área da superfície de ataque reduz as maneiras como um protocolo favorece um conjunto de indivíduos em relação a todos os outros. Se um protocolo tem superfícies de ataque mínimas ele é livre de confiança (trustless), livre de permissão (permissionless) e com credibilidade neutra. Estas qualidades são o que permitem a escalabilidade ao número máximo de pessoas. Isto aumenta o potencial do protocolo para receber mais depósitos de um conjunto mais amplo de usuários, portanto, impacta seu peso.
Densidade de protocolo
Para descobrir a densidade projetada de um protocolo ou aplicativo no Ethereum, basta pegar a utilidade de um protocolo (quão útil ele é) e dividi-lo por sua área de superfície de ataque (quão fácil é capturá-lo). Coisas que são muito úteis e não podem ser capturadas se encontrarão na parte inferior da Pia de Protocolos. Protocolos densos estão na parte inferior.
Limites de densidade na Web2
Vimos os primeiros indícios da presença da Pia de Protocolos nas grandes plataformas Web2 como YouTube, Twitter, Facebook, em que quase todas as empresas e negócios têm perfis nessas plataformas.
Além disso, plataformas como a iOS App Store e a Google Play Store são encontradas nas camadas mais profundas da Pia de Protocolos, devido à massa de empresas que constroem seus produtos com base nelas. Os gigantes da Web2 como Google, Amazon, Apple, Facebook ou Twitter são todos encontrados na Pia de Protocolos.
Essas empresas alcançaram suas avaliações massivas porque criaram plataformas para outras pessoas construírem nelas. Empresas, indivíduos, organizações sem fins lucrativos e organizações sociais tinham acesso gratuito para se inscrever e usar seus serviços, e as plataformas Web2 se tornaram uma infraestrutura global usada por todos. Essas empresas tiveram sucesso em escala ao criar uma plataforma global através de um produto com muita utilidade, ao mesmo tempo em que são relativamente laissez-faire (livre atividade) sobre o que os usuários podem ou não fazer em sua plataforma.
O movimento Web2 ilustra a presença dos mesmos resultados que a Tese da Pia de Protocolos prevê. Plataformas globais, não rivais e não excludentes, como Instagram, Facebook, Twitter, YouTube e Medium viram uma adoção e um crescimento incrível devido à densidade que acumulam a partir de conteúdo gratuito gerado pelos usuários e sua capacidade de escalar para o público mais amplo possível. No entanto, ser um produto de uma empresa com fins lucrativos que atende aos reguladores estatais coloca um limite no escalonamento dessas plataformas. O incentivo da Empresa de extrair o máximo possível do Usuário de modo a gerar receita do anunciante é inerentemente desalinhado entre as três partes; um limite de escalonamento.
O movimento Web2 é construído sobre os protocolos altamente densos da camada Web1: TCP / IP, HTTP, FTP são alguns dos protocolos mais densamente desenvolvidos/descobertos do mundo e representam a camada mais inferior da Pia de Protocolos. Não falamos muito sobre eles por serem invisíveis para nós e, ao contrário dos protocolos Web3, não serem coisas para investir ou lucrar. Eles têm uma neutralidade credível perfeita.
Os protocolos Web3, aplicativos encontrados no Ethereum, devem se esforçar para atingir o mesmo nível de neutralidade confiável que os protocolos da Web1.
Twitter, Facebook e YouTube são todos serviços globais gratuitos e têm agregado muito valor ao mundo, mas são propriedade privada de uma única empresa. Esses produtos beneficiam um determinado grupo de pessoas acima de todos os outros e permitem a influência e a coerção sobre as pessoas que os utilizam. À medida que essas plataformas atingiram a maturidade, surgiram conversas sobre seu status de monopólio e sua natureza tendenciosa. Acontece que a subjetividade humana envolvida no monitoramento de conteúdo limita sua neutralidade e os impede de ser um protocolo imparcial. Além disso, ser uma empresa centralizada as obriga a estar sujeitas às regras e regulamentos de um governo Estado-Nação.
A inscrição e entrada gratuita nessas plataformas, bem como o valor que elas fornecem, as tornaram incrivelmente úteis, mas a existência de uma empresa centralizada com fins lucrativos colocou limites em até que ponto essas plataformas podem escalar ou nas liberdades que elas têm.
Não importa quanta utilidade essas empresas forneçam, elas nunca fornecerão o suficiente para ir ao fundo na Pia de Protocolos. Para se afundar na Pia de Protocolos você não pode ser uma empresa com fins lucrativos que atende às regulamentações do governo e aos desejos humanos subjetivos. O viés, a confiança e a permissão presentes nessas plataformas é o calcanhar de Aquiles que traça um alvo nas costas dos operadores. Para se aprofundar na Pia de Protocolos você deve ser um protocolo global autorregulado que não requer um operador central para manter o sistema. O protocolo deve ser auto-soberano.
Previsão da Tese da Pia de Protocolos
A previsão central da Tese da Pia de Protocolos é que negócios e empresas centralizadas construirão livremente sobre protocolos livres de confiança, livres de permissão e imparciais, de modo a oferecer serviços superiores a seus usuários.
Como resultado, os protocolos cripto-econômicos estão destinados a ficar abaixo das empresas centralizadas na Pia de Protocolos. A simples teoria dos jogos sugere que empresas centralizadas como bancos de cripto (por exemplo, Coinbase e Gemini) utilizarão do poder dos protocolos descentralizados abaixo deles, de modo a aumentar seu valor para seus clientes.
Qualquer banco de cripto pode melhorar seus produtos e serviços permitindo que os usuários acessem o Rendimento da Poupança DAI (Dai Savings Rate -DSR). Os clientes com DAI em suas contas podem, com um clique, ganhar a Taxa Anual Efetiva oferecida pelo Rendimento de Poupança DAI. Enquanto os bancos criptos competem entre si, nenhum deles compete com o DSR e nenhum deles tem nada a perder ao aproveitar deste. Enquanto Coinbase e Gemini são rivais, usar o DSR não é. Isso permite que o DSR seja escalado para qualquer instituição financeira ou indivíduo que opte por usá-lo. Você pode repetir este mesmo modelo para qualquer protocolo ou aplicativo no Ethereum: Maker, Compound, PoolTogether, Augur…
Bens Públicos Globais (Global Public Goods — GPGs) são os itens encontrados na parte inferior da Pia de Protocolos.
Protocolos úteis, que retirarem a confiança, o viés e a permissão, serão aproveitados por empresas, negócios, bancos e indivíduos de todo o mundo. Os Bens Públicos Globais não atendem (ou mesmo reconhecem) as regulamentações dos Estados-nação. Os protocolos de ar, água, conhecimento e internet são os mesmos em todo o mundo e não mudam com base nos regulamentos da jurisdição. Eles são algo que todos podem usar, independentemente de onde moram.
Ethereum gera uma plataforma para hospedar bens públicos globais em dinheiro e finanças.
Pias, Sumidouro, Bacias
A Pia em “Pia de Protocolos” não está falando sobre sua pia da cozinha, apesar de ser relevante. Em vez disso, uma Pia é um lugar de convergência. Uma pia é um ambiente que define as fronteiras e limites de um sistema fechado, que influencia a trajetória e os resultados de todo o conjunto caótico e nebuloso de unidades individuais dentro dele.
Um sumidouro força a convergência de coisas caóticas independentes em um padrão ordenado singular de resultados previsíveis confiáveis.
Em matemática, um atrator (sumidouro) é uma condição ou conjunto de condições para as quais um sistema tende a evoluir, para uma ampla variedade de condições iniciais do sistema. Os valores do sistema que se aproximam o suficiente dos valores do atrator permanecem próximos, mesmo se perturbados. Com o tempo, as coisas convergem para uma condição estável, independentemente de sua condição inicial. O lugar para o qual as coisas convergem (o próprio atrator) não é realmente uma "coisa", mas sim a localização emergente para a qual muitas coisas independentes convergiram. Nada central está realmente atraindo-as para lá, mas sim as forças emergentes coletivas do universo as empurram para uma ordem comum.
Outra palavra para Pia é bacia. Abaixo está um mapa das bacias hidrográficas dos EUA. Com maior destaque, a Bacia do Mississippi, em rosa, é uma das maiores bacias do mundo. Qualquer gota de água que caia em qualquer lugar na região rosa tem a certeza de se encontrar no ponto de convergência: onde o rio Mississippi encontra o oceano Atlântico.
O círculo vermelho é o fundo da Bacia do Mississippi (pia).
A bacia do Rio Mississippi é a pia. A gravidade é a força que gera a energia que cria a convergência na parte inferior.
A Ethereum é uma bacia. Os aplicativos Ethereum são os córregos, riachos e rios que residem nele. Bens de dinheiro e capital são a água que flui rio abaixo. Há um Atrator na parte inferior da Pia de Protocolos que puxa aplicativos e ativos para baixo.
Este Atrator é a demanda universal coletiva de Bens Públicos Globais.
Este gráfico tem circulado pelo Twitter e representa perfeitamente a Pia de Protocolos. As coisas em Ethereum convergem. Elas se aglutinam e descem coletivamente pela Pia de Protocolos. Ele também ilustra como o Ethereum não é um monte de aplicativos separados, mas uma única rede coerente de aplicativos interconectados.
A demanda por plataformas globais com valor gerado pelo usuário é onipresente e gera um incentivo perpétuo para construir aplicativos no Ethereum. Ethereum é a Pia para 'coordenadores minimamente extrativos': uma bacia virtual que converge para aplicações livres de permissão e confiança, e imparciais em dinheiro e finanças.
A inovação fundamental que a Ethereum oferece é um sistema que oferece segurança e proteção gratuitas para aplicativos que aspiram à ser Bens Públicos Globais.
A Pia de Protocolos
Os bens públicos globais são encontrados na parte inferior da Pia de Protocolos. A revolução cripto econômica é construída sobre o pressuposto fundamental de que, em sua forma final, essa revolução terá gerado uma série de Bens Públicos Globais em dinheiro e finanças.
Os bens públicos globais são, por definição, a infraestrutura mais escalonável, útil, confiável e persistente que temos disponível, e as qualidades que fazem um bom GPG são as mesmas que empurram um protocolo para o fundo Pia de Protocolos.
Existem duas características que determinam um local de protocolo na Pia de Protocolos: Superfície de Ataque e Utilidade.
Superfície de Ataque
A superfície de ataque é uma medida que ilustra a fraqueza dos protocolos para captura / controle. De forma simplista, ter uma superfície de ataque baixa significa simplesmente que não há um ponto central de um protocolo. Confiança, permissão e polarização são as características que podem determinar onde está o 'centro' de um protocolo e quão fácil ou difícil é capturar um protocolo.
Liberdade de confiança
Ao usar o protocolo, quanta confiança os usuários depositam nos outros para fazer a coisa certa? Com os motivos egoístas de outros impactando os resultados sobre outros usuários? Alguém está extraindo algo de um usuário contra sua vontade ou conhecimento? Se a confiança não for um problema, o protocolo cairá mais baixo na Pia de Protocolos.
Liberdade de Permissão
Qualquer um pode usar o protocolo? Existe alguém que pode restringir ou censurar o uso do protocolo? Há alguma chave de administrador que conceda certos privilégios a um conjunto especial de usuários? Se todos tiverem acesso igual para usar o protocolo e ninguém puder censurar os outros, o protocolo cairá mais baixo na Pia de Protocolos.
Neutralidade Credível
O protocolo beneficia algum usuário ou entidade em particular acima de qualquer outro? Uma pessoa ou entidade se beneficia desproporcionalmente com o sucesso do protocolo do que o que é justo? Se o protocolo for suficientemente justo ou equitativo, ele cairá mais baixo na Pia de Protocolos.
Utilitário
A utilidade é simplesmente a medida do valor que um protocolo fornece ao mundo. Quanto mais útil for um protocolo, mais pessoas / empresas / entidades construirão sobre ele.
Quando um protocolo tem alta utilidade, mais valor e capital serão depositados no aplicativo. Isso gera massa, o que aumenta a densidade. Se o protocolo tiver utilidade, ele cairá mais baixo na Pia de Protocolos.
O espectro da Pia de Protocolos
Cada característica acima tem seu próprio espectro. Um aplicativo pode estar em qualquer lugar em uma escala de 0 a 100 para Superfície de Ataque e Utilidade. Além disso, a 'pontuação total' das características ilustra a densidade do protocolo em relação a outros. Este sistema de pontuação é basicamente apenas para fins ilustrativos — apenas para ilustrar a metáfora. Chamarei isso de 'Pontuação GPG' posteriormente neste artigo.
Ativos e aplicativos
A Pia de Protocolos não se aplica apenas a aplicativos no Ethereum, mas também a ativos. No Ethereum, os ativos são os aplicativos. Nem todos os aplicativos são tokens, mas todos os tokens são aplicativos. As aplicações no Ethereum são definidas por um contrato e seu próprio endereço.
Se for um contrato no Ethereum, é um aplicativo.
No cilindro de vidro acima, temos líquidos e sólidos de várias densidades. Como os líquidos, os sólidos encontram seu lugar apropriado na Pia de Protocolos que corresponde à sua densidade nativa. A pontuação GPG se aplica a ativos tanto quanto a aplicativos.
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Post Original: Global Public Goods and The Protocol Sink Thesis
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