A Tese da Etherealize para a valorização do ETH
Opinião: Wall Street já entende o valor do BTC. Veja como as instituições deveriam enxergar a oportunidade com o ETH.
Prezada Nação Bankless,
No artigo de hoje, apresentamos a tradução do artigo Etherealize’s Bull Case for ETH, de autoria de Grant Hummer, originalmente publicado em Bankless HQ.
A Tese da Etherealize para a valorização do ETH
Opinião: Wall Street já entende o valor do BTC. Veja como as instituições deveriam enxergar a oportunidade com o ETH.
Este artigo de opinião, escrito por Grant Hummer, cofundador da Etherealize, destaca os principais pontos do novo relatório de 39 páginas da empresa, que busca convencer instituições sobre o valor duradouro do ativo ETH. Você pode acessar o relatório completo aqui.
ETH está se tornando um ativo de reserva macro
Escasso, rentável e intrinsecamente integrado ao próximo sistema financeiro.
As finanças globais estão se digitalizando. À medida que trilhões de dólares em fundos de mercado monetário, treasuries, dívida corporativa, ações, títulos imobiliários e até propriedade intelectual gerada por IA migram para o ambiente onchain, o mundo precisa de uma camada de liquidação neutra e programável. O Bitcoin provou que um livro-razão descentralizado consegue armazenar valor de forma transparente e sem intermediários. Ethereum amplia esse avanço ao permitir que qualquer pessoa mova e programe valor, possibilitando que instrumentos financeiros também existam onchain.
Os três papéis simultâneos do ETH na economia onchain
Petróleo digital – Cada computação, transferência de stablecoin e emissão de ativo tokenizado queima ETH.
Reserva de valor produtiva – O staking paga rendimento nativo.
Colateral primoroso – Resistência à censura, não soberano e custodiado no próprio protocolo, não em um banco.
Cada papel vincula o ETH a funções econômicas centrais, tornando-o reflexivamente único: quanto mais é usado, mais é queimado, travado e acumulado.
Com uma emissão bruta limitada a 1,51% ao ano (mas emissão líquida média de apenas 0,1% ao ano após o merge) e cerca de 80% das taxas de transação queimadas, o aumento do uso da rede empurra o crescimento da oferta para zero ou até valores negativos. O resultado é um ativo que captura a expansão de toda a economia digital com diluição estruturalmente limitada ao longo do tempo.
Por que o ETH é estruturalmente diferente do BTC
A narrativa “ouro digital” do Bitcoin é simples, singular e já assimilada pelas instituições, motivo pelo qual o BTC foi reprecificado primeiro. A proposta de valor do ETH é mais complexa: combustível, colateral e participação de investimento em toda a nova economia digital. Essa amplitude torna a narrativa mais lenta de digerir, mas, em contrapartida, ancora o ETH a um leque maior de motores de demanda duráveis. O ETH combina o prêmio monetário de um ativo de reserva com a necessidade de um insumo industrial. Seu valor não depende apenas de percepção; ele escala com a própria produtividade econômica onchain.
Design monetário em uma página
Como os validadores da Ethereum operam com custos mínimos, precisam de muito menos emissão de tokens para permanecer lucrativos. Somado ao mecanismo de queima de taxas, a curva de oferta do ETH se assemelha a uma produção de petróleo comprimida: baixa emissão marginal diante da demanda crescente, gerando escassez à medida que o uso aumenta.
Por que o ETH ficou atrás do BTC — e por que essa lacuna é temporária
Os fundamentos do ETH não são mais fracos; o atraso da reprecificação é decorrente de sua maior complexidade:
Simplicidade narrativa: “Ouro digital” é fácil de entender. “Petróleo digital + colateral de reserva + rendimento” exige explicação.
Autodisrupção: A Ethereum deliberadamente reduziu as taxas de gás da L1 ao transferir rendimento para L2s, reduzindo temporariamente a receita da L1 e confundindo modelos baseados em fluxo de caixa.
Incerteza regulatória: Até 2024, o status jurídico do ETH nos EUA oscilava entre valor mobiliário e commodity, afastando fluxos institucionais.
Reflexividade de liquidez: Durante a desalavancagem cripto de 2022-2023, o ETH foi amplamente usado como colateral e frequentemente liquidado automaticamente, distorcendo o preço.
Esses ventos contrários estão desaparecendo. As queimas de taxas permanecem consistentes, as recompensas de staking se estabilizaram, e a relação ETH/BTC está perto dos mínimos de 2018, mesmo com a Ethereum garantindo hoje 10 x mais valor onchain do que naquela época.
Catalisadores em movimento
Explosão das camadas 2: Rollups como Base, zkSync, Superchain da Optimism e app-chains corporativas operam a milhares de TPS herdando a segurança da Ethereum. Pesquisas de interoperabilidade avançam para conectar L2s com transações sincrônicas de bloco único entre L2s.
Avanços tecnológicos: Provas em tempo real dos blocos da L1, escalonamento da L1, abstração de contas e outras inovações tornam a Ethereum cada dia mais escalável, segura e fácil de usar.
Clareza regulatória: O ETH foi reafirmado como commodity nos EUA; ETFs spot surgiram em 2024; a MiCA na UE e as emendas ao PS-Act em Cingapura reconhecem formalmente o staking como serviço.
Onda de tokenização institucional: BUIDL (BlackRock), FOBXX (Franklin Templeton), VCC (UBS) e World Chain (Sony) liquidam no Ethereum ou em L2s ancoradas à rede.
Reservas estratégicas de ETH: Tesouros de protocolos, DAOs e empresas (Coinbase, Kraken, Memento do Deutsche Bank) acumulam ETH em staking, ecoando a maneira como governos acumulavam ouro outrora.
Essas mudanças estão transformando o ETH de um token especulativo de tecnologia em um ativo de reserva macro central.
Avaliação: de DCF de ações de tecnologia a comparações de reservas globais
ETH transcende estruturas tradicionais de valuation. Não cabe em um modelo de fluxo de caixa descontado porque a “receita” (taxas) é queimada, não distribuída. O ETH é um híbrido commodity-reserva: consumido como combustível, “empregado” como um título, usado como dinheiro e acumulado como ouro.
A seguir, uma comparação mais apropriada entre classes de ativos que compartilham essas características:
Em um cenário de adoção global de apenas 10 % da atividade financeira, a capitalização totalmente diluída do ETH poderia espelhar o tamanho agregado dos ativos tradicionais de reserva.
O multiplicador da IA
Plataformas de IA trilionárias precisarão de um sistema financeiro nativo para máquinas: barato, determinístico, programável, sem fronteiras, com liquidação final em segundos. A Ethereum já oferece essa base:
Composabilidade atômica: Agentes de IA podem trocar ativos, puxar oráculos de preço e postar colateral em uma única mudança de estado — algo impossível em trilhos TradFi isolados.
Direitos de propriedade codificados: Sem tribunais, sem jurisdições. Smart contracts fornecem execução global e transparente.
Liquidez sem permissão: Stablecoins, treasuries tokenizados e RWAs oferecem instrumentos que agentes podem manter, implantar ou realocar sem intermediários.
Se agentes autônomos chegarem a controlar trilhões em ativos, a Ethereum é o único balanço patrimonial permissionless capaz de escalar para suportá-los. Cada interação queimará ETH diretamente ou pagará taxas em L2 que assentam de volta na L1, restringindo ainda mais a oferta.
Sinais de roadmap a observar
A janela esperada baseia-se nas chamadas core-dev da Ethereum Foundation em meados de 2025 e pode mudar via governança.
Cada marco reduz atritos ou aumenta funcionalidades, ampliando a área econômica endereçável da Ethereum, enquanto a curva de oferta permanece inalterada. Isso cria um ativo cuja demanda escala com o progresso tecnológico, mas cuja oferta continua estruturalmente limitada.
Quantificando a oportunidade
Se a Ethereum tokenizar 10 % dos US$ 500 tri de ativos globais e se 30 pontos-base (bps) de taxas anualizadas sobre esses ativos retornarem como queima de ETH e gorjetas, a emissão líquida seria negativa. Isso criaria uma dinâmica monetária sem precedentes históricos: demanda escalável, oferta limitada, auto-reforçada por décadas.
Nos comparativos de ativos de reserva, uma capitalização agregada de US$ 89 tri implicaria cerca de US$ 740 mil por ETH. Mesmo que essa meta seja otimista, alcançar apenas a capitalização do ouro (US$ 22 tri, ~US$ 185 mil por ETH) representaria um upside de quase 66 × em relação aos preços de meados de 2025 (~US$ 2,8 mil) — tudo enquanto se paga um rendimento nativo de 3 % enquanto se espera.
Lições sobre investimentos
O ETH está subprecificado frente ao seu papel estrutural: vale < 0,03 BTC e menos de 40 % do pico em USD de 2021, mesmo com o uso da rede, valor securitizado e penetração institucional estejam em máximas históricas.
Rendimento muda a equação risco-retorno: O staking torna o ETH um ativo produtivo que pode ser recomposto ao longo do tempo — algo indisponível aos detentores de BTC.
Construção de portfólio: O ETH é a segunda posição natural em um portifólio de ativos digitais que já possui BTC, oferecendo beta amplo ao PIB onchain e um cronograma deflacionário — inexistentes no Bitcoin.
Fatores de riscos: incluem risco de execução do roadmap, bugs de consenso, competição de “fat-protocols” (p.ex., Solana), pressão regulatória e liquidez macro. Contudo, nenhum deles altera a mecânica programada de oferta; apenas afetam o timing da adoção, não o destino final.
Conclusão
A Ethereum deixou de ser um experimento: é a camada de liquidação da internet de valor. O ETH não é apenas “gás”; é a moeda-commodity escassa, geradora de rendimento e não soberana que protege e regula essa camada de liquidação.
À medida que ativos tokenizados, agentes de IA e tesourarias institucionais convergem sobre a Ethereum, a demanda por ETH se torna reflexiva: o uso o queima, a escassez alimenta convicção, a convicção atrai tesourarias, tesourarias travam oferta e oferta travada aprofunda a escassez.
No cenário mais conservador, o ETH apenas se reprecifica ao seu utilitário e rendimento atuais. No cenário base, adquire o prêmio monetário do ouro. No cenário de alta convicção, torna-se o ativo de reserva de uma economia onchain maior que o PIB de muitos estados-nação.
A questão deixou de ser “Por que possuir ETH?” e passou a ser: “Quão subexposto estou ao ativo de reserva do próximo sistema financeiro?”