A crise FTX demonstra o poder da autocustódia
As armadilhas de confiar em intermediários centralizados (CeFi) se destacaram fortemente no fiasco de SBF
Prezada Nação Bankless,
No artigo de hoje, apresentamos a tradução do artigo Power of Self-Custody is the Takeaway from FTX, originalmente publicado em The Defiant.
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— Nação Bankless
A crise FTX demonstra o poder da autocustódia
Por Cathy Yoon
A implosão da FTX é um momento decisivo no mercado de cripto. O lado bom é que os desdobramentos do caso reafirmam o principal valor das criptomoedas — manter o controle sobre suas próprias finanças.
A cada dia que passa, mais e mais detalhes sobre a gestão da FTX surgem e todos se perguntam como chegamos a este ponto.
Pode demorar até o mercado se acalmar e entender a magnitude da crise, mas uma coisa é certa. A autocustódia é um jogo de soma zero — para um ganhar, outro deve perder.
Para além de terceiros “confiáveis”
Esta não é a sentença de morte para a indústria cripto. Assim como Bernie Madoff e a crise mundial de 2008 não significaram o fim do mercado financeiro, o mercado cripto seguirá em frente. No entanto, a grande diferença entre esses escândalos e o fiasco da FTX é o papel desempenhado pelos intermediários.
No caso da FTX, os usuários poderiam ter a autocustódia do seu patrimônio, algo que não era possível no mercado financeiro tradicional (TradFi).
O mercado cripto possui esta vantagem única por permitir acesso direto às ferramentas. Para muitos, a autocustódia é um princípio e uma função fundamental. Se tem algo que a crise da FTX demonstrou, foi o risco de se confiar em terceiros.
É inacreditável que o mercado tenha uma atratividade tão forte voltada a instituições centralizadas, cuja existência gira em torno de ativos concebidos para fomentar a descentralização. Talvez isto seja a prova de que nós, como sociedade, mesmo otimistas com a descentralização e os ativos descentralizados, temos a tendência de nos aproximar da centralização, uma vez que é o sistema que nos acostumamos ao longo da vida.
Quanto maior, mais rica e, portanto, mais forte é uma instituição, mais queremos apoiá-la porque temos fé que tudo ficará bem. Seja devido a um efeito manada, se sentindo seguros pela falácia de que maior é igual a melhor, ou simplesmente por uma confiança cega em argumentos de autoridade. O fato é que nos perdemos entre preconceitos e muitas vezes sem perceber nos deixamos levar por vieses comportamentais que podem nos conduzir a conclusões erradas.
De volta ao básico: suas criptomoedas são sua responsabilidade
Temos esperança de que isso esteja ficando evidente. Se você for se envolver com cripto, precisa proteger o seu patrimônio, sem depender de terceiros.
Enquanto a crise da FTX marchava ladeira abaixo, o sentimento do mercado virou de ponta a cabeça com um misto de emoções — choque, impotência, confusão, raiva e luto. Assim, este é um bom momento para refletir e voltar a discutir os fundamentos de cripto. O whitepaper do Bitcoin nos lembra o porquê de estarmos todos aqui, restaurando a esperança, diante de um caminho concreto para retomar a construção de um futuro melhor para todos.
O whitepaper lembra os indivíduos que é fundamental permanecer soberano, e que as instituições devem ajudar a fornecer ferramentas e produtos para incentivar o empoderamento de cada indivíduo. Nos lembra também que se delegarmos a custódia das nossas chaves privadas a corretoras ou terceiros, perderemos o controle sobre nossas criptomoedas.
A autocustódia requer proatividade e mão na massa. No entanto, nós como sociedade, estamos acostumados a confiar em terceiros para proteger os nossos bens. Nos atraímos por soluções fáceis — e gostamos delas — mesmo não sendo as melhores.
Ao usar carteiras frias pode ser que você perca alguma oportunidade do mercado. Por outro lado, deixe seus cripto ativos em uma corretora e arrisque se tornar vítima de um hack ou, pior ainda, de ser pego em uma corretora que tenha declarado falência.
Corretoras regulamentadas vs autocustódia
Quase imediatamente após o ocorrido com a FTX, as corretoras regulamentadas começaram a promover suas capacidades de custódia garantida. Corretoras centralizadas que seguem a regulamentação dos Estados Unidos, são obrigadas a separar os seus fundos dos ativos de clientes. Garantindo assim que ativos de clientes não sejam utilizados em desacordo com o que foi explicitamente autorizado pelo cliente.
Entretanto, mesmo em corretoras regulamentadas, o usuário continua abrindo mão do controle de seus ativos, para que outra pessoa cuide deles em seu lugar.
O fato é que a autocustódia é a única maneira de garantir o controle total sobre suas criptomoedas. “Not your keys, not your coins” (se não são suas chaves, não são suas criptos) é um mantra incessantemente repetido para usuários de cripto, e ainda assim, é um princípio que muitos parecem ter esquecido ou ignorado.
Cathy Yoon é a diretora jurídica do MPCH Labs.
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