Muito obrigado a todos que participaram do Concurso!
✍ 20 textos foram inscritos no Concurso de Redação e 4 jurados imparciais deram notas de 0 a 10 para esses textos. Os 5 textos com maiores notas passaram para a 2ª fase que se iniciou dia 07/10.
🏆 Textos que passaram para a 2ª fase:
Texto 03
Texto 04
Texto 08
Texto 10
Texto 13
🗳 Todos os leitores do nosso substack puderam votar de forma anônima em seu texto favorito. Os 3 textos mais votados foram classificados para a última fase.
🏆 Textos que passaram para a última fase:
Crônica de um futuro saudosista
Do direito à Web3
Nicknames e Discord
📝 2ª Fase do Concurso de Redação da Bankless Brasil DAO 2022
Crônica de um futuro saudosista
Sempre gostei de ficção científica, lembro bem dos episódios da série Star Trek, que eu assisti na TV na minha infância. Sim, muito antes dos filmes, existia a série televisiva que iniciou ainda na década de 60 e acreditem se quiserem, o gênero ficção científica remonta ainda ao sec. IXI. Mas enfim, eu fiquei fascinado com a perspectiva de se desbravar novos mundos. Depois já no meio da década de 80 tivemos dois filmes emblemáticos no cinema: De Volta para o Futuro, que fez história com suas continuações e a idéia de viagem no tempo e onde ao viajar para o futuro o protagonista convive com carros flutuantes e realidade aumentada; e o interessante Exterminador do Futuro, que profetizava uma revolta das máquinas se voltando e escravizando o ser humano.
É interessante que estamos falando ainda do séc. XX; telefonia celular ainda não existia no Brasil, telefone convencional em casa era um luxo para poucos, os computadores tinham um poder muitas vezes inferiores a qualquer smartphone de hoje, as expectativas e sonhos com relação a um futuro após os anos 2000 eram de utopia e de uma fantasia tecnológica de cinema, literalmente.
Você deve estar imaginando que sou um saudosista do passado, assim como essas pessoas que ficam afirmando: "Música boa era da minha época"; "Antigamente as pessoas se respeitavam" … e tantas outras frases saudosistas que se escuta vindo de pessoas de todas as idades e classes sociais. Mas não, eu acredito no presente, na força do agora, nas experiências e desafios que passamos e que nos preparam para os desafios de hoje, para construir o aqui e agora. No entanto, durante muito tempo eu acreditei que o progresso tecnológico caminhava em um passo muito mais acelerado do que a evolução: humana, de costumes, solidária, humanização e empatia.
Realmente, até recentemente, cerca de pouco mais de 2 meses eu acreditava nisso, a tecnologia é crucial para a humanidade mas eu a enxergava somente como uma série de ferramentas sem ligação direta com a sociedade, foi quando, através de um podcast escutei uma pessoa falar sobre as transformações que estavam vindo através da web3, fiquei curioso e entusiasmado!!
Comecei a pesquisar e a entrar em várias comunidades baseadas em sistemas de governança descentralizada e fiquei maravilhado com o que vi!! Não só em função do que a tecnologia estava sendo capaz de fazer mas principalmente sobre a força das comunidades que se aglutinam em projetos transformadores com temas como: DEFI, REFI, Creators Economy e o movimento sem banco ou Bankless!! O que mais me impressiona e torna tudo isso possível são os perfis característicos de pessoas que estão tocando estes projetos, é uma nova sociedade que se envolve e se interessa por problemas estruturais, meio ambiente e liberdade; Então a tecnologia vem resolver um problema de confiança, após resolver este problema as pessoas podem se relacionar e cooperar se concentrando em outros desafios!!
Então podemos voltar a sonhar com aquele futuro glorioso e fantástico dos antigos filmes que anteviam raça humana unida, forte, evoluída e desenvolvida
E assim, parafraseando e adaptando o que o capitão Kirk dizia ao final de cada episódio de Star Trek: “Estas são as aventuras da nave estelar web3 em sua missão para a exploração de novos mundos, para pesquisar novos arranjos, novas tecnologias, audaciosamente indo onde ser humano nenhum jamais esteve"!!
Entendendo a web3
Cansada de não ter a minha atenção, minha mãe perguntou o que eu tanto fazia no celular.
- Estou respondendo um amigo no Discord sobre a tradução de um artigo, respondi.
- Discord? Perguntou com a sobrancelha em riste.
- Sim!
- Ahhnn… quê é isso?
- Humm… é um tipo de whatsapp, simplifiquei.
- Tem grupo da família?
- Não, mãe. Mas tem mensagem de bom dia, respondi com um riso discreto no canto da boca.
- Todos os dias?
- Quase sempre!
- E que artigo é esse?
- Humm… é sobre criptomoedas.
- Já sei. Não precisa explicar. Eu vi no Fantástico esse domingo. Uma quadrilha foi presa vendendo isso aí. É… betcoin, bitacon…
- Bitcoin, mãe.
- Isso mesmo. Você não tá metido nessas coisas aí não né?
- Não, mãe. Fique tranquila. É um artigo sobre o Merge da Ethereum.
- Falando nisso… O filho da Dora que mora aqui na esquina foi preso essa semana. Estava traficando. A polícia chegou…
- E o que isso tem a ver com nossa conversa, mãe.
- To te falando que vi no Fantástico uma quadrilha metida nesse negócio de criptomoedas.
- Mãe…
- Você que não me faça passar uma vergonha…
- Mãeeeeee… Já falei. Não tô fazendo nada de errado. Você não pode acreditar em tudo que vê na televisão, já te falei isso. Essa quadrilha que você deve ter visto são estelionatários. Eles vendem promessas de enriquecimento e…
- Só estou falando porque não quero meus filhos metidos com gente errada.
- Eu sei, mãe. Fique em paz. Meus amigos não são nada parecido com isso. Minhas referências são totalmente diferentes. Já ouviu falar no Vitalik Butarin?
- Não! Com esse nome não é brasileiro.
- Não, ele é russo.
- Vixe… Coisa boa não deve ser. Você viu o que estão fazendo com a Ucrânia. O Putin até cortou o gás da Alemanha. Eu vi ontem no…
- Ele nasceu na Rússia, mas cresceu no Canadá. Olha a foto dele aqui.
- Vixe… que rapaz feio, pálido…
- KKKKKKK… é só o jeito dele. Ele é muito inteligente e ajudou criar algo revolucionário…
- Você fala de mim, mas não vai acreditar em tudo que falam na internet viu… onde já se viu acreditar que esse rapaz…
- Mãeeeeeeeeee…
Do direito à Web3
Antes de começar, quero brindar ao concurso de redação da Bankless Brasil DAO, afinal, são iniciativas como essa que me fez apaixonar por esse universo. A minha história com a Web3 começou em uma festa de aniversário no mês de Dezembro, após um 2021 bem surrado e esfarrapado, infeliz no meio da advocacia, desabafei para um verdadeiro amigo de vida e contei o passado e o futuro como uma cartomante muito bem-informada.
O passado envolvia escritórios de advocacia especializados em Direito Penal, tribunal de justiça, TCC, e um trabalho que me fazia sentir aquele frio na barriga de Domingo à noite. Ainda, em Julho, recebi a notícia de que não ia ser efetivado e, por não estudar, não passei na OAB. Demorou um tempo, mas eu aceitei e essas infelicidades acabaram sendo felizes. Só depois de entender que não era falta de capacidade, mas falta de motivação que veio o alívio. E o alívio me fez pensar fora da caixa!
Acredito que os momentos da vida que nos mudam d'água para o vinho, a gente sempre guarda. Eu guardei dois, o primeiro foi durante o vestibular e o segundo foi em Agosto de 2021. Naquele mês, eu fui visitar minha avó na minha cidade natal, no interior de São Paulo e com 9000ha, junto com um primo, também nascido lá, mas que hoje mora na Noruega.
Eu saí dessa viagem com duas resoluções, a primeira seria que eu faria um mestrado na França. A segunda resolução foi: eu não queria mais trabalhar em escritório e queria estar envolvido com tecnologia. Em Outubro essas duas resoluções se tornaram um plano, eu comprei a passagem para Europa e fiz a prova de proficiência do francês. Estudei bastante e passei. Voltando para Dez/2021, duas coisas aconteceram que mudaram minha vida, eu me candidatei para o mestrado e, no meio daquele desabafo, meu amigo me deu a última peça do quebra-cabeça.
Naquele dia, eu conheci a DLT360 Consulting, empresa na qual trabalho hoje. A primeira fase do processo seletivo para ocupar o posto de legal analyst latam foi escrever um artigo acadêmico sobre “A Implementação de Smart Legal Contracts no Brasil”. O feedback foi ótimo. Depois, passei por um momento de teste, entreguei mais alguns trabalhos mas não tinha sido contratado, em Maio após um mês morando com meu primo na Noruega eu não sabia se eu iria ser aceito no mestrado, contratado pela DLT360 e que aquele seria o melhor mês da minha vida!
Naquele mês, eu recebi o aceite da faculdade e liguei chorando para a minha mãe. Eu tinha gastado a economia de cinco anos de trabalho para concretizar esse sonho que finalmente se tornou realidade. Uma semana depois eu fui contratado pela DLT360. Em Jul/2022 eu descobri a Bankless Brasil, que me abriu a mente, virei viciado em Discord e na DAO, me tornei Membro Bankless e coordenador da Guilda de Jurídico e host de Podcast, fundei outra DAO e agora vivo e respiro a descentralização.
E, por sinal, estou escrevendo isso num domingo à noite e sem frio na barriga, mas cheio de ansiedade para o amanhã.
Um grande erro
Poucas são as pessoas que entram em cripto em um bear market, e eu não faço parte deste seleto grupo. Como a maioria, entrei quando o assunto mainstream era cripto e quando aquele mito de easy money era alimentado propositadamente. Demorou para eu entender que as criptos vão além de alavancar o patrimônio. E talvez eu somente aprendi isso depois de levar uma porrada forte que revelarei a este concurso (algo que nunca fiz de forma tão aberta).
Era fim do bull market de 2021, recém entrado nas criptos e vi meu PNL na CEX em valores surreais. Eu me iludi, achava que era o melhor trader da vida e que ali seria capaz de tirar o meu sustento. Portanto, todo dinheiro que eu tinha eu aportei em criptos e acreditei que passado alguns meses eu responderia a pergunta, wen lambo?
Como que num timing perfeito, surgiu uma proposta de compra da casa que o meu pai construiu, viveu e morreu. E, claro, pus 100% da venda da casa em criptos. Na época, havia uma plataforma chamada Anchor Protocol que oferecia um rendimento de 20% APR aos meus dinheirinhos e eu pensei, why not? E era lindo ver a casa de meu pai rendendo passivamente um valor que dobrava a minha renda mensal. Eu acreditei que havia descoberto a fórmula mágica da paz. Eu apenas esqueci de um detalhe, estava numa arena com leões.
A esta altura, você deve estar pensando que eu fui rekt pelo crash luna, mas não… o meu verdadeiro crash foi meses antes. Eu estava doente, sob efeito de medicação quando tive a infelicidade de abrir o computador para estudar cripto. Lembrei que tinha escutado sobre uma plataforma em que eu podia usar o colateral da grana que estava na Anchor e operá-la do modo que eu poderia ter rendimentos acima dos 20% – o que eu já tinha todo mês. Olha a ganância! Eu doente quis estudar como ganhar mais do que eu já ganhava.
Então no google, digitei “mirror protocol” e caí num erro básico, que eu inclusive já havia alertado aos colegas: cliquei no primeiro link do resultado da busca. Grog de medicação, não tinha noção do perigo que eu me encontrava. E então o site pediu para conectar a carteira e digitei a minha senha. Achei a plataforma estranha, parecia que havia ali uns bugs, mas como era a primeira vez que visitava aquela plataforma e estava de passagem, apenas fazendo o meu DYOR, achei ruim e fechei a aba.
Passaram-se alguns dias, visitei a página da Anchor e aquela alegria de visualizar o meu capital se multiplicando virou uma sequência de zeros. De início achei que era um bug, dei F5, desconectei e reconectei a carteira, limpei dados de navegação e cache e nada. O saldo era aquele, zero! Zero! Zero!!! Desesperado, fui ao histórico e vi o saque integral do dinheiro de aproximadamente 65% da venda da casa que o meu pai construiu com tanto suor. Eu havia explodido em poucas semanas o que o meu pai construiu em uma vida.
Isso abalou-me de tal modo que eu quase entrei em depressão. Durante algumas semanas eu estive na fossa. Remoía aquilo sozinho. Não é qualquer pessoa que eu me sentiria confortável em partilhar essa dor e que entenderia isso. Eu também não queria me expor mais, porque eu me sentia a pior pessoa do mundo. Enfim, estava vulnerável, sem confiança e pensava em jogar a toalha.
Mas o tempo é o compositor dos destinos. Algumas semanas se passaram e cheguei a algumas conclusões. Primeiro, eu realmente me identificava com a ideologia libertária das criptos e não faria sentido eu abandonar esta paixão. E depois, as criptos poderiam ser uma aliada na recuperação dessa perda. Então firmei dois compromissos, 1) recuperaria esse capital em honra de meu finado pai e 2) ajudaria as pessoas neste ambiente, para que elas não passem o que eu sofri. Transformei o meu luto em luta! Sempre disponível e ativo nas comunidades, tenho um grupo no telegram entre amigos, entrei na bankless e recentemente lancei um podcast para falar de web3. E assim sigo meu caminho espalhando o bem. Se alguém me perguntar quando eu realizo o primeiro compromisso, não sei responder… a canção diz que o tempo é um dos deuses mais lindos.
Nicknames e Discord
Essa é uma breve história de um "afegão médio" tendo seus primeiros contatos com uma DAO.
Tudo teve início quando eu li em um tal de Substack: "Uma Nação Bankless - Parte1"
Já de cara, o que me chamou a atenção foi uma imagem com o símbolo do BTC e do ETH e a silhueta de um grupo, um dos caras na imagem estava com uma bandeira preta nas mãos.
Mais tarde eu descobri que aquela bandeira preta era carregada de símbolos e valores que eram muito importantes para mim e que logo isso faria parte de mim como nunca eu poderia prever naquele dia, lendo aquele artigo.
Logo, devorando todo conteúdo do tal do Substack da Bankless BR DAO eu descobri que poderia ajudar.
Eles disseram: … ou melhor, escreveram:
"Mão na massa."
Entre no nosso Discord e comece a contribuir com a Nação Bankless.
Pensei:
"Que foda, quero fazer parte disso."
Entrei no tal do Discord, aí foi um Deus nos acuda. Não entendia nada, parecia que estava no meio de um cruzamento na índia, só que virtual.
Falei para mim mesmo em voz alta:
- Puta que pariu, que zona é essa?
Fiquei quietinho, não falei nada com ninguém, por dias. Eu estava lá, só observando e vendo um monte de coisas acontecer. Clicava em canais errados, entrava em salas de bate papo sozinho e passava longos segundos tentando sair, sem sucesso é claro, segundos viram minutos, e eu com vergonha de que alguém poderia ter visto que eu estava fazendo coisas erradas. Diariamente eu entrava e saia não falava com ninguém. Fiz isso por duas semanas ou mais. Várias vezes eu pensei:
"Isso aqui não é pra mim. Só tem gente foda aqui, vou sair e excluir o aplicativo."
Mas todas as vezes que eu pensava em fazer isso eu lembrava daquela bandeira preta e de tudo que ela já simbolizava para mim. Um dia eu vou tatuar essa bandeira, pensei.
"Chega!"
Tomei uma decisão.
Eu vi quem tem um lugar onde as pessoas se reúnem e trocam ideias, eu vou chegar lá e falar meu nome.
Putz, acabei de perceber que todo mundo tem um nome diferente um apelido, só nome massa, Brian, Cale, Guelf, Criptonita. E como bom afegão que sou, estava usando o meu nome completo no Discord, mas eu sou muito tiozão. Tenho que mudar isso, preciso de um nome, se não eu vou chegar na Call e o pessoal vai pensar: Quem é esse doidão ai que usa o nome completo?
Tentei lembrar de apelidos de infância, de super-heróis que eu curtia, e nada. Nesse momento meu telefone toca, no visor do telefone aparece Vitão, um amigo da época da faculdade que já tinha um tempo que a gente não falava. Clico no botão verde da tela do celular para receber a ligação e o Vitão me lembrou de um antigo apelido.
E foi assim que eu, com meu novo nickname participei da primeira Call da comunidade na BanklessBR DAO e depois disso foi só aprendizado e desafios e muitas amizades.
A tatuagem? Eu faço ainda esse ano. Essa bandeira vai ficar marcada na minha pele para sempre.
Excelente textos!!! Obrigado a todos os escritores em se "desnudarem" um pouco e terem a coragem de partilhar conosco um pouco da sua intimidade!! Parabéns!
Apenas aplaudir... belíssimos textos. Ri e me emocionei. Parabéns aos envolvidos. Ah, o meu texto ficou pro próximo concurso :)